Segundo o primeiro livro de Reis o profeta judeu Elias diante dos profetas
de Baal lançou o desafio ao qual aquele que construísse um altar que sob invocação
seu Deus respondesse com fogo seria a prova de seu poder. Os profetas de Baal não
tiveram qualquer resposta de seu Deus. Elias, por sua vez, juntou doze pedras e
com elas edificou um altar dispondo-o sobre pedaços de lenha. E encheu quatro cântaros
de água lançando a água sobre o altar: “Então caiu fogo do Senhor, e
consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água
que estava no rego” (1 Reis 18:38). O fogo em um altar embebido em água não
teria acendido o altar, no entanto, uma reação química poderia explicar o
fenômeno. Em um documento do ano 232 a.c. Júlio Africano em Jerusalém no livro The
Cestus fala de um fogo espontâneo resultado de uma mistura de nafta,
enxofre e cal. Plínio e Lívio no século I também se referem sobre a mistura que
acendia com água. Tim Gallacher da Universidade de Bristol mostra que a mistura
de cal, enxofre e nafta poderia reproduzir o fogo automático. Uma reação
inicial de água e cal produz grande quantidade de calor numa reação exotérmica
que poderia iniciar fogo quando misturada a nafta e enxofre, o que poderia
explicar o fenômeno descrito por Elias, que seguindo as instruções recebidas de
Deus teria colocado em execução uma reação química com substâncias que agiriam
em sua forma natural sem qualquer milagre entendido como rompimento com as leis
da natureza, que poderia ser reproduzido desde que seguindo o mesmo método.[1]
[1] The history channel Brasil. EPISÓDIO COMPLETO: INVENTOS DA ANTIGUIDADE - A
ciência contida na Bíblia | HISTORY https://www.youtube.com/watch?v=3UqAAnSWjSg&t=513s
[2] PASQUALE, Giovanni Di.
Bizâncio e a técnica. IN: ECO, Umberto. Idade média: bárbaros, cristãos e
muçulmanos, v.I, Portugal:Dom Quixote, 2010, p.477
[3] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford,
1956, p.375; READERS'S DIGEST. Da idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000
d.c, Rio de Janeiro, 2010, p.135; TATON, René. A ciência antiga e medieval: a
idade Média, tomo I, livro 3, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 83
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Fogo_grego
[5] FOSSIER, Robert. O
trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p.219
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