David Lindberg mostra que para os filósofos medievais, seguindo as
teses geocêntricas de Aristóteles, a Terra era estacionária, ou seja, ela não
girava em torno de seu eixo. Será apenas com Jean Buridan (1358) e Nicole
Oresme (1382) que as implicações de uma Terra que se move em torno de seu eixo
seriam discutidas, embora ainda dentro de uma concepção geocêntrica. Para
Buridan o fato de uma flecha lançada verticalmente retornar sempre para o eu
ponto de partida mostra eu a Terra é estacionária. Para Nicole Oresme esse fato
se dá porque flecha e Terra ambos mantém o mesmo movimento na horizontal
durante toda a trajetória da flecha, da mesma forma que dentro de um navio,
todos os elementos de seu interior acompanham o movimento horizontal do navio,
um argumento de movimento relativo que será retornado por Galileu no século
XVII. Para Nicole Oresme, portanto, tais experiências não são conclusivas sobre
haver ou não um movimento de rotação da Terra. Sua defesa de uma Terra que tem
movimento de rotação se deve a economia de movimentos que isso produziria: ao
invés de todos os astros girando, bastaria que a Terra girasse para poder
explicar o dia e a noite de modo muito mais simples. Apesar disso, Oresme
reconhecia que uma Terra estacionário era mais coerente com o texto bíblico
segundo o Salmo 93:1: “O Senhor reina; está vestido de majestade; o Senhor
está vestido, cingiu-se de fortaleza; o mundo também está firmado, e não pode
ser abalado”[1].
David Lindberg não tem certeza das reais convicções de Oresme ou se ele adotou
a posição de uma Terra imóvel simplesmente para evitar problemas com a Igreja.
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