domingo, 27 de março de 2022

A esfericidade da Terra na Idade Média

 

Arquimedes construiu dois planetários com partes móveis que foram levados à Roma após o saque de Siracusa e determinou que a superfícies de qualquer fluido em repouso é igual à superfície de uma esfera cujo centro é o mesmo que o da Terra, ou seja, a superfície dos oceanos não é plana.[1] Eratóstenes estimou com boa aproximação o raio terrestre e desenvolveu uma esfera armilar um modelo esférico com faixas que se cruzavam e que era usado para explicar o movimento dos astros.[2] Para Aristóteles em seu livro Sobre os céus, a terra é esférica, pois tendo em vista sua tendência de se colocar no centro do universo ela deve se dispor de forma simétrica em torno deste ponto, tendo como estimativa para sua circunferência em torno de 45 milhas, cerca de 1,8 vezes o valor moderno. David Lindberg mostra que esta tese aristotélica é a que prevaceleceu por toda a idade média, sendo um mito que os medievais acreditassem seriamente em sua planicidade.[3] A Geografia de Ptolomeu também descreve uma terra esférica assim como uma esfera armilar. A obra foi redescoberta pelo monge bizantino Maximus Planudes em 1295 e foi difundida pela Europa no século XIV.[4] Heródoto por volta de 430 a.c. zomba da confecção de mapas muito distantes dos mapas mais confiáveis de que dispunha: “me faz rir quando vejo algumas pessoas desenhando mapas do mundo sem qualquer razão a os guiar, eles representam um oceano como se fosse um rio cercado pro terra, e a extensão de terra como se fosse um círculo, como se fosse desenhada por um compasso e com a Europa e Asia representadas com o mesmo tamanho”. Nos mapas da época Africa era contínua a Asia, porém Heródoto desta que os dois continentes estavam unidos por um único ponto em comum na altura do Egito.[5] Ptolomeu, divergindo de Heródoto, representa a união da África com a Àsia por uma faixa de terra que denomina Terra Incognita.[6]

[1] STRATHERN, Paul. Arquimedes e a alavanca em 90 minutos, Rio de Janeiro: Zahar, 1998, p. 32, 50

[2] ROONEY, Anne. A história da matemática, São Paulo: M. Books, 2012, p. 54

[3] LINDBERG, David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007, p.55

[4] AIROLA, Jorge Magasich; BEER, Jean Marc. América mágica, Rio de Janeiro: Paz e terra, 2000, p. 50

[5] JAMES, Peter; THORPE, Nick. Ancient inventions, London: Randon House, 1995, p.61

[6] JAMES, Peter; THORPE, Nick. Ancient inventions, London: Randon House, 1995, p.63




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