A Escola de
Salerno, no sul da Itália, desenvolveu-se em torno de um mosteiro beneditino,
por volta do século X embora haja diferentes lendas sobre sua origem[1]. A
escola de medicina de Salerno no sul da Itália transformou-se em um centro de
transmissão do saber médico muçulmano para o ocidente[2]. Os
membros da escola de medicina de Salerno[3] se
transferiram para a Universidade de Nápoles.[4] Charles
Haskins, contudo, observa que a escola de Salerno, não influenciou a evolução
das universidades europeias.[5] Textos
médicos gregos e árabes em Salerno foram traduzidos em especial com o monge beneditino
do monastério de Monte Cassino no sudeste da Itália, Constantino o Africano (1065-1085)
com as traduções de Da arte medica e Do método de cura ambos de Galeno,
tornando-se um importante centro de conhecimentos em medicina.[6] Com as
cruzadas intensificou-se o contato com o Levante e com isto a integração com a
medicina árabe, por exemplo trazida por Constantino o Africano.[7] Sua obra
mais importante é a tradução para o latim da obra Pantegni de Ali ibn al
Abbas, mas que por questões políticas tratou de omitir o nome do autor árabe
pois com os ataques dos sarracenos não seria oportuno publica uma obra de um
sábio árabe.[8] A escola de Salerno teve também influência inconteste de médicos judeus.[9] Um plano
de estudos conhecido como Articella reunia obras de Hipócrates, Teófilo,
Filareto e Galeno[10]. Gerard
de Cremona (1114-1187) irá traduzir nove tratados de Galeno, o Almansor de
Rhazes e o grande Canon da Medicina de Avicena. O século XII é o auge da
literatura médica de Salerno com as traduções da obra de Hipócrates e Galeno e
a publicação do Antidotarium /
Antidotaiire Nicolas, uma coleção de fórmulas e receitas médicas formada
através de gerações de médicos como Aflácio, Mateus Plateário e Nicolau Le
Prévost foi mantida em uso até o século
XVII. Ao controlar as interações do homem com o meio natural os médicos
medievais tornam-se especialistas da natureza sendo denominados de physici.[11] O De símplice medicina, elaborado em
Salerno entre 1130 e 1160 por Mateus Platearius era um compêndio de plantas
medicinais que no século XV serviu de códice aos boticários parisienses. A
Escola de Salerno, contudo, não chegou a se constituir propriamente uma
universidade[12].
Daniel Rops aponta que Salerno tornou-se universidade em 1220. [13] Obras
como Articela escrita em Salerno
foram amplamente utilizadas pelas universidades medievais.
[1] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.240
[2] LYONS, Jonathan. A
casa da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.117
[3] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.240
[4] ABRIL Cultural, Medicina
e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 58
[5] HASKINS, Charles. A
ascenção das universidades, São Paulo: Danúbio, 2015, p.273/1743
[6] LLOYD, G. Ciência e
matemática In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília:
UNB, 1998, p. 330; LINDBERG,
David C.. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press.
Edição do Kindle.2007, p.329
[7] MANGOLD, Lydia Mez.
Imagens da história dos medicamentos, Basileia:Hoffman La Roche, 1971, p.79
[8] MANGOLD, Lydia Mez.
Imagens da história dos medicamentos, Basileia:Hoffman La Roche, 1971, p.80
[9] TATON, René. A ciência
antiga e medieval: a idade Média, tomo I, livro 3, Sâo Paulo:Difusão Europeia,
1959, p. 98
[10] MORTIMER, Ian. Séculos
de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 69
[11] POUCHELLE, Marie-Christine. Medicina. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT,
Jean Claude. Dicionário
analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 175
[12] NUNES, Ruy Afonso da
Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.225, 226
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