As pirâmides de Miquerinos (em egípcio Menkaure), Romboidal (também conhecida
como pirâmide Vergada, Falsa, Romba, construída por Snefru / Seneferu)[1] e Meidum
tem desvios inferiores a um grau em relação ao Norte. A pirâmide de Gizé (em
egípcio Khafre), contudo, não está
alinhada com o Norte com tanto rigor.[2] A
pirâmide de Quéops (em egício Khufu) comete
um erro de apenas três minutos e seis segundos em relação ao verdadeiro norte[3]. Considerando
que os egípcios ignoravam a bússola, tal orientação somente poderia ter sido
conseguida com observações astronômicas[4]. Para
tanto o tcheco Zaba sugere que os egípcios tenham usado um instrumento primitivo
em forma de L[5].
As medidas para se saber as horas noturnas pela determinação da altura de uma
estrela acima do horizonte eram feitas com o uso do merkhet, uma estreita barra
horizontal em L tendo em uma de suas extremidades um pequeno bloco segurando um
fio de prumo, conforme indicações em gravações nas paredes dos templos de
Dendera e Edfu. O merjet / merkhet ou “observador das horas” era associado a
uma vara de palmeira que consistia em uma haste com uma fenda em uma das
extremidades e dois fios a prumo suspensos que se situavam no plano do
meridiano do observador. Borchardt em 1899 identificou tal instrumento com um
objeto de osso datado da época saíta hoje no Museu de Berlim.[6] Tutankhamon
restaurou o instrumento construído pelo seu sogro Amenófis IV (1405-1380 a.c).[7] Estes
instrumentos eram capazes de realizar pela observação visual a determinação da
estrela polar, determinar a passagem de duas estrelas fixas por um plano
vertical[8]. Um
método para determinar o norte verdadeiro com o uso desta vara em V, também
chamada de bay, consistia em visualizar uma estrela ao norte dividindo em dois
o ângulo formado por sua posição no nascente, a posição do observador e a
posição da estrela no poente[9]. No
entanto, segundo Alvarez Lopes nenhum destes métodos permitiria obter a
determinação do meridiano com erro da ordem de 5 minutos de arco como
observados em Queops e Quefren.[10] Ainda
que fosse usado o astrolábio de Hiparco as medidas para determinação do
meridiano teriam um erro de 30 graus. Apesar desse conhecimento, a astronomia
egípcia não era muito avançada quando comparada à da Babilônia.[11] David Lindberg
mostra que a astronomia egípcia desenvolveu-se a partir dos conhecimentos obtidos
da Babilônia.[12] Três tabelas planetárias egípcias parcialmente preservadas são o papiro P8279
em Berlin, as chamadas “Stobart Tables” e o papiro Teptunis II 274, estes dois
últimos publicados por Neubebauer em “Egyptian Planetary Texts” de 1942. O
neoplatônico Proclus em seu comentário do Timeu de Platão no século IV observa
que as pirâmides serviam como observatório astronômico[13], sendo
usado por meio das sombras determinar o comprimento do ano.[14]
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