domingo, 20 de fevereiro de 2022

O uso do cobre no Egito Antigo

 

Charles Marston aponta a preferência dos egípcios pelo cobre, que vinha da Península do Sinai[1], ao invés do ferro por respeito às tradições.[2] Em Timna, próximo ao Sinai foram encontradas minas de cobre da época de 18° a 20° dinastias (1550 – 1070 a.c.)[3] Bromehead observa que o cobre era trabalhado no território egípcio a partir da III Dinastia (2600 a.c.) possivelmente com tecnologia trazida da Suméria[4]. Arnold Toynbee mostra que no Egito o ferro superou o cobre como ferramenta somente no século VII a.c., de modo que as tarefas de corte em pedra eram feitas com cobre,[5] tendo em vista que, por exemplo, as pedras usadas nas pirâmides de Gizé são feitas de calcário que é razoavelmente macio e fácil de cortar com cinzeis de cobre.[6] A substituição do cobre pelo bronze no Egito se deu quase um milênio depois da Baixa Mesopotâmia, o que revela o atraso do Egito na absorção desta tecnologia, diante da abundância de cobre.[7] O cobre difundiu-se por todo o vale do Nilo por volta de 3300 a.c. tendo origem do Oriente Médio no “Crescente Fértil” ou mesmo talvez origem autóctone.[8] Paul Johnson mostra que a difusão da tecnologia do cobre ocorre no momento da centralização dos reinos egípcios em 3100 a.c aumentando significativamente a produtividade das oficinas o que fez a realeza prosperar contribuindo assim diretamente para o fortalecimento do poder.[9] O cobre era endurecido com arsênico.[10] O Egito antigo dominava técnicas básicas de metalurgia do cobre como a forjadura, a martelagem, a moldagem, a estampagem, a soldagem e a rebitagem.[11] Na estatutária desde a VI dinastia a estátua de Pepi I (na figura), mostra uma obra feita de lâminas de cobre marteladas sobre um corpo de madeira com olhos fabricados com pedras raras.[12]



[1] CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 86

[2] MARSTON, Charles. A Bíblia disse a verdade, Belo Horizonte:Itatiaia, 1958, p. 187

[3] BAINES, John; MALEK, Jaromir. O mundo egípcio:deuses, templos e faraós. Rio de Janeiro, Edições del Prado, 1997, p.19

[4] BROMEHEAD, C. Mining and quarrying. In. SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.I, Oxford, 1956, p.564

[5] TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a mãe terra, Rio de Janeiro:Zahar, 1976, p.152, 210

[6] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 182

[7] CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito antigo. Coleção Tudo é história, n° 36, São Paulo:Brasiliense, 1986, p.26; HODGES, Henry. Technology in the ancient world, New York: Barnes & Noble Books, 1970, p. 92

[8] KI-ZERBO, Joseph, História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África, Brasília : UNESCO, 2010, p.824

[9] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 34

[10] CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito antigo. Coleção Tudo é história, n° 36, São Paulo:Brasiliense, 1986, p.35; KHUON, Ernst. Vieram os deuses de outras estrelas ? São Paulo:Melhoramentos, 1972, p.223

[11] MOKHTAR, Gamal. História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.124

[12] CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 168



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