Colin Ronan observa que o espírito prático de Aristóteles o afastava de Platão, e este pode se desenvolver no ambiente multicultural de Alexandria, a qual Ctesíbio também estava envolvido.[1] Para Guilherme Oncken: “Aristóteles, dotado de talento original e de aptidões universais, com conhecimentos que o tornavam senhor de todas as ciências e o fazem digno do nome de Humboldt da antiguidade, não só soube unir, por um método exclusivamente seu, o idealismo socrático platônico com um realismo natural e científico, mas, ainda pelo seu método perfeitamente sistematizado, foi o verdadeiro criador da ciência grega propriamente dita”.[2] O método indutivo de Aristóteles baseado na experiência o afastava do método dialético de Platão que procurava a verdade na pura especulação[3]. Pela indução parte-se de premissas particulares para se chegar à conclusão de uma verdade mais geral. Assim, por exemplo, considere uma porção de leite uma vez trabalhava se produz manteiga, e uma outra porção de leite trabalhada da mesma forma também se produza manteiga, podemos por indução concluir que uma porção de leite qualquer, uma vez trabalhada pode ser usada para produzir manteiga. A conclusão foi obtida a partir das duas situações particulares anteriores. O processo dedutivo, por sua vez, segue caminho inverso, parte-se de uma afirmação genérica para se chegar a uma regra particular. Sabe-se que é possível fazer manteiga a partir do leite, logo se eu tenho esta porção particular de leite eu posso fazer manteiga. Se todo homem é mortal e Pedro é um homem, logo, a partir dessa regra geral eu posso concluir que Pedro é mortal seguindo uma lógica dedutiva. David Lindberg mostra que o método em Aristóteles se inicia com a experiência de casos particulares para se extrair conclusões gerais, sendo, portanto, um método empírico indutivo. No entanto, numa segunda etapa será importante submeter esta conclusão a uma etapa dedutiva de demonstração. Para Aristóteles para se compreender a natureza das coisas seria necessária a observação em seu estado natural, pois qualquer restrição artificial a seu comportamento ou seu isolamento de seu ambiente natural (como em um experimento laboratorial da ciência atual) seria considerado como um meio de interferência e corrupção nesta pesquisa.[4]
[1] RONAN, Colin. História
Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São Paulo:Círculo do Livro, 1987,
p.118, 120
[2] ONCKEN, Guilhermo.
História Universal – História de Grécia e Roma, Francisco Alves:Rio de Janeiro,
v.IV, p.454
[3] MONROE, Paul. História
da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.68
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