O culto ao jaguar entre os Chavín

 

Na década de 1940 Julio Tello, Rafael Hoyle e Wendell Bennett mostraram que a cultura Chavin teria se estabelecido na costa oriental dos Andes na área norte e central do Peru por volta de 1000 a.c. de forma autônoma e não como um desdobramento das culturas da América Central.[1] Para Julio Tello, Chavin que tinha como centro religioso Chavín de Huantar[2], pode ser considerada a origem das culturas peruanas, centro difusor de uma ideologia religiosa para as civilizações posteriores até  império inca, como testemunham os desenvolvimentos de cerâmicas e têxtil bem como trabalhos em pedra.[3] O estilo Chavín é encontrado séculos mais tarde em particular na arte Mochica[4]. Na cultura Chavin desenvolveu-se o culto do deus jaguar tal como entre os olmecas mexicanos, no entanto não está claro a influência entre estas duas culturas.[5] Uma outra hipótese é que tanto incas como olmecas derivam o culto ao jaguar de povos amazônicos, única região na américa do Sul onde o jaguar tem seu habitat natural. A cidade inca de Cusco originariamente tinha o formato de um puma ou jaguar em que a cabeça ficava na cidade da Sacsaihuamnán e a cauda na parte pontuda do desenho, confluência dos rios que atravessavam a cidade[6]. Segundo Arthur Posnansky: “a lua é consagrada ao puma que cada noite, segundo as crenças indígenas dos aimaras devora um pedaço do astro até que, saciado, deixa-a crescer de novo”.[7] Entre os maias o Sol era venerado tanto no seu aspecto diurno como noturno simbolizado pelo jaguar.[8]

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[1] LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.81

[2] HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 23

[3] LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.24

[4] COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 181

[5] LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.25

[6] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 319

[7] WAISBARD, Simone. Tiahuanaco: 10000 anos de enigmas incas. São Paulo:Hemus, 1971, p. 82

[8] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 46