sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A taclla - o arado inca

 

Siegfried Huber admite o uso de um tipo de arado entre os incas. [1] Os incas sulcavam o solo com a taclla, taklla, chaquitaclla um arado manejado com os pés com uma ponta de madeira ou bronze, uma espécie de enxada.[2] O agricultor tinha de pressionar com quase todo seu peso para que a colher fosse introduzida no solo. As madeiras usadas eram as mais duras como o lloque, chachacomo ou tassta.[3] As mulheres vinham atrás removendo os pedregulhos seja com as mãos ou usando a lampa, uma enxada simples[4]. O ano agrícola era aberto pelo sapainca e governadores que abriam sulcos na terra com uma taclla de ouro[5] para a primeira semeadura, porém, esta tarefa era meramente simbólica[6]. Os incas aravam a terra ao som de músicas conhecidas como jailli: “ho vitória, ho, vitória ! Aqui cavando com o arado, aqui sulcando ! Aqui o suor, aqui a labuta ! - Ayau jailli, ayau jailli ! Kayqa trajilla, kayqa suka ! Kayqa maki; kayqa jumpi !. Os índios com sua taclla não abrem um sulco na terra, como diz o padre Cobo, abrem camellones. Outros instrumentos agrícolas incas incluem a casuna, jalmana, raucana, a chira a chinca de cuerno, huactana, allachu, huarmicpananan e a cupana.[7] Waldemar Soriano observa que tais técnicas foram em sua grande maioria herdadas de povos mais antigos: “na era inca, científica e tecnologicamente ninguém tentava descobrir, criar ou inventar coisas novas. Na verdade, havia uma recusa a qualquer inovação, exceto aquela que importara na segurança do sistema. Caso contrário, nem sequer lhes gostava experimentar, vivendo unicamente da antiguidade e tradição. Suas cerimônias religiosas e cívicas constituíam verdadeiros arquivos ou museus vivos, ou coleções de ritos e hinos arcaicos sem inovações de nenhum tipo. Não haviam desenvolvido as forças produtivas, nem as novas formas de pensamento”.[8]



[1] SCHMIDT, Carlos Borges. Arados no velho e no novo mundo, Diário de São Paulo, 16/10/1960

[2] CARDOSO, Ciro Flamarion. América pré colombiana. Coleção Tudo é História, n° 16, São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 99; GADE, Daniel; RIOS, Roberto. Chaquitaclla, the native footplough and its persistence in central andean agriculture https://www.mot.be/webhdfs/v1/website/opzoeken/lectuur/artikels/chaquitaclla.pdf

[3] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 248

[4] TIME LIFE BOOKS, Incas: Lords of gold and glory. Alexandria, 1992, p.127; BAUDIN, Louis. El império socialista de los incas, Santiago Chile:Ediciones Rodas, 1973, p.195; BAUDIN, Louis. A vida quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 243; HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 65

[5] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 303

[6] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 227

[7] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 250

[8] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 256



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