domingo, 12 de dezembro de 2021

Santos Dumont símbolo do progresso

 

Santos Dumont é um exemplo de capacitação tecnológica proporcionada pelas atividades de manutenção que os novos equipamentos que se difundiam no século XIX proporcionavam “Enquanto meu pai e meus irmãos montavam a cavalo para irem mais ou menos distante ver si os cafeeiros eram bem tratados, si a colheita ia bem ou si as chuvas causavam prejuízos, eu preferia fugir para a usina, para brincar com as máquinas de beneficiamento [...] Todas essas máquinas de que acabo de falar, bem como as que forneciam a força motriz, foram os brinquedos da minha meninice. O hábito de vê-las funcionar diariamente ensinou-me muito depressa, a reparar qualquer das suas peças”[1] Gilberto Freyre destaca que os êxitos de Santos Dumont obtidos na França, tais como o triunfo por ter contornado a torre Eiffel em 19 de outubro de 1901 ao vencer o prêmio Henry Deutsch eram celebrados no Brasil como símbolos do progresso: “Nunca ninguém foi mais herói para seu povo do que Alberto Santos Dumont. Por ele o brasileiro se sentiu vingado dos estrangeiros petulantes que diziam desdenhosamente do Brasil era o país do “tenha a paciência”, do “espere até amanhã”, do “depois de amanhã”. Santos Dumont tornou-se de repente o símbolo aos olhos do brasileiro, de um Brasil capaz por si mesmo, isto é, pelo gênio e pelas invenções como que mágicas dos próprios nacionais, que para tanto não precisavam ser homenzarrões de bela estampa, mas simples homens iguais à maioria de seus compatriotas: pequenos, franzinos e até “amarelinhos” [...] O mito Santos Dumont tornou-se como nenhum outro, no Brasil do começo do século XX, parte do mito maior: o do progresso brasileiro pela ciência”. Brasileiros como Augusto Severo e Santos Dumont ao promover progressos na aeronáutica de sua época traziam o desejo de superar pela tecnologia o que Gilberto Freyre denomina do “mal das grandes distâncias do território nacional”.[2]



[1] DUMONT, A. S. Os meus balões. Trad. A. de Miranda Bastos. [Rio de Janeiro?]: Biblioteca de Divulgação da Aeronáutica, 1938 In: RIBEIRO, Luiz Cláudio M.. A invenção como ofício: as máquinas de preparo e benefício do café no século XIX. An. mus. paul.,  São Paulo ,  v. 14, n. 1, p. 121-165,  June  2006 .    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142006000100005&lng=en&nrm=iso

[2] FREYRE, Gilberto. Ordem e progresso, Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 660, 778, 780



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