Rui Barbosa foi o relator de uma Comissão em 1882 sobre a reforma de educação proposta por Leôncio de Carvalho em 1879: “o vício essencial dessa espécie de instrução, entre nós, está em ser, até hoje, quase exclusivamente literária” e critica o caráter retórico do ensino formador de “palradores e ideólogos” e apontava que a solução seria uma reforma cujo princípio fosse “a introdução da ciência no âmago da instrução popular”.[1] Segundo Gilberto Freyre o próprio Rui Barbosa tornou-se um mestre do verbalismo tendo aprendido com os retóricos imperiais: “É este um aspecto nada desprezível da ordem social ou do sistema sociocultural, que do Império se prolongou na República: a supervalorização da oratória ou da eloquência ou da retórica, quer sacra quer política, ou simplesmente mundana ou de sobremesa. Tal foi essa supervalorização que a eloquência, durante todo esse período da vida brasileira, transbordou nos meios convencionais de expressão, o discurso, o sermão, o brinde, para desfigurar ou perverter outros gêneros: a poesia, o romance, o ensaio, o editorial, a carta, ofício, o relatório, o próprio telegrama [...] O que se verificava também nos concursos para cátedras nas academias superiores: torneios de oratória que do Império se prolongaram na República, com prejuízo para a ciência, tantas vezes melhor servida pelos homens de palavra lenta e prudente que pelos de verbo fácil e transbordante”[2]. Alfredo Pereira escreve: “da ação teórica e diplomática de Ruy Barbosa em Haia, só há o que elogiar, malgrado seus quilométricos discursos em que os requintes de sua arte tribunícia mal encobrem aqueles apontados vícios de nossa oratória romântica”.[3]
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