A
proposta de uma democracia racial ainda que o termo não seja usado por Gilberto
Freyre, é um conceito que remonta o século XIX na historiografia. Em artigo
publicado na Revista do IGHB em 1845 Von Martins definiu as linhas mestras para
um projeto de construção da historiografia do país fomentando o conceito de
Brasil nação com base na figura do imperador e na mescla de raças no que mais
tarde ficou conhecido como no mito da democracia racial brasileira. Varnhagen, pioneiro
na pesquisa arquivística considerado o "Heródoto brasileiro",
em História geral do Brasil escrita em 1850, com o olhar do colonizador
português, assume esta síntese proposta
por von Martinus destacando o papel dos herois portugueses e brasileiros brancos, a unidade luso
brasileira, minimizando tensões e
rebeliões.[1] Segundo Synesio Filho a visão de Varnhagen é a das classes dominantes a que
pertencia: “queria ajudar a construir uma nação branca e europeia, a
solidificar a jovem monarquia, e a dar centro e fixar limites a um território ainda
não perfeitamente conhecido [...] Os fatos são bem escolhidos, muitos
descobertos por ele, mas são sempre interpretados de maneira a aparecer
claramente a superioridade de uma etnia, de uma cultura, de uma religião. Uma
história bem representativa, aliás, do pensamento dominante no período e nos
centros europeus”.[2] Ao contrário de Varnhagen que destacava o papel do Estado e da família imperial
portuguesa na colonização, Gilberto Freyre tem o foco a iniciativa particular
da família rural portuguesa e senhores de engenho como sujeitos da história
colonial portuguesa. Para Capistrano de Abreu falta a Varnhagen uma periodização da história do Brasil e uma
visão de conjunto à sua obra, que se perde por vezes no detalhe de alguns episódios
da história.
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