Os Irmãos da Pureza formavam uma escola esotérica de filosofia de inspiração pitagórica que floresceu em Bassorá no século X e ficou famosa pelas Epístolas dos Irmãos da Pureza, constituído por cinquenta e duas cartas sobre matemática, astronomia, geografia, música, política, filosofia, religião, ética, moral, física, astrologia, alquimia.[1] A enciclopédia trata das “ciências propedêuticas” (em outras palavras, ciências criadas para a felicidade do homem neste mundo) como precedendo os outros dois grupos de ciências superiores cuja missão é garantir a felicidade do homem no próximo, ou seja, as ciências religiosas e as ciências filosóficas racionais Nas três áreas encontramos conhecimentos esotéricos. Na ciência propedêutica inclui adivinhação, magia, encantamentos, alquimia. O grupo de ciências religiosas inclui uma referência explícita à “ciência de interpretação dos sonhos”. Quanto ao grupo de ciências filosóficas, contém uma seção sobre angelologia. Para Pierre Lory, as três divisões completas da classificação geral dos Irmãos da Pureza se encaixam bem com os três aspectos diferentes das ciências ocultas tal como foram concebidas e praticadas durante a Idade Média Islâmica.[2] Trevor Williams aponta na civilização islâmica o contato direto com o Oriente e com tecnologias como o aço, seda, papel, porcelana e o sistema indiano de numeração arábico. A civilização islâmica foi herdeira indireta da Grécia por ter invadido a Síria, Egito e outras regiões do Oriente Próximo. Diversos desenvolvimentos na química da ciência islâmica foram transmitidos ao Ocidente através da alquimia árabe. Grandes bibliotecas como as de Córdoba com mais de 600 mil volumes por volta do ano 1000 constituíram importantes centros de difusão do saber árabe.[3] Córdoba tornara-se “o foco e o zênite da vida intelectual espanhola no século X”, reunindo poetas, estudiosos, juristas médicos e cientistas. Ibrahim al Zarquali (1029-1087) aperfeiçoou instrumentos astronômicos e desenvolveu as “Tábuas Toledanas” sore movimentos planetários que ganharam ampla difusão na Europa.[4]
[1] RONAN, Colin. História
Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar,
2001, p.121
[2] Corsera.
Magic in the Middle Ages, Universidade de Barcelona, 2021, Semana 4, The Ikhwān
al- Ṣafā’ on Magic and the Occult https://www.coursera.org/learn/magic-middle-ages/lecture/
[3] DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade
hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.45
Nenhum comentário:
Postar um comentário