Em 1746 Antonio Isidoro da Fonseca, fugido da inquisição e sob os auspícios de Gomes Freire de Almeida[1], conde de Bobadela (figura), trouxe de Lisboa um equipamento de tipografia e montou uma pequena oficina no Rio de Janeiro onde pode imprimir a Relação da Entrada do bispo Antonio do Desterro redigida por Luis Antonio Rosado da Cunha com dezessete páginas de texto.[2] Em 1747 Isidoro da Fonseca publicou a Relação de Entrada, impresso desautorizado de Portugal e logo retirado de circulação.[3] A Carta Régia de 10 de maior de 1747 dirigida ao governador geral Gomes Freire de Andrade e a Carta Régia de 6 de junho de 1747 endereçada ao governador da capitania do Rio de Janeiro ordenou o sequestro de todas as publicações de imprensa da Colônia e a proibição de novas publicações sob pena dos responsáveis serem presos e remetidos para o reino[4] “no qual não é conveniente que se imprimam papeis no tempo presente, nem pode ser de utilidade aos impressores trabalharem no seu ofício, aonde as despesas são maiores do que no Reino, do qual podem ir impressos os livros e papeis”.[5] Nesta ocasião foi destruída a oficina tipográfica do jesuíta Francisco de Faria no Rio de Janeiro.[6] O Alvará de 16 de dezembro de 1794 condenava o envio de livros e papeis da metrópole para a colônia. No final do século XVIII mesmo na metrópole o intendente geral da polícia Diogo Inácio de Pina Manique, nomeado após a queda do marques de Pombal, proibiu livros franceses revolucionários e a importação de livros para o Brasil.[7] Segundo Robert Southey: “outra prova de miserável ignorância política foi não se tolerar no Brasil tipografia alguma antes da transmigração da corte. Achava-se a grande massa do povo no mesmo estado como se nunca se houvesse inventado a imprensa”.[8] A inglesa Jemima Kindersley em visita a Salvador em 1764 comenta: “os habitantes parecem saber bem pouco acerca dos requintes da vida, passando a maior parte do tempo na mais completa indolência e lendo pouquíssimos livros, pois o conhecimento não está no rol de suas preocupações. È política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder”.[9]
[1] SOUTHEY, Robert.
História do Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.2, p. 394
[2] SODRÉ, Nelson Werneck.
A história da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966,
p. 20
[3] LAGO, Pedro Correa.
Brasiliana IHGB 175 anos, Rio de Janeiro:Capivara, 2014, p. 167, 187
[4] VARNHAGEN, Francisco
Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. IV, p.
85,90
[5] GONTIJO, Silvana. O
mundo em comunicação, Rio de Janeiro:Aeroplano, 2001, p.159; MARTINS, Wilson.
História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p.
83; GOMES, Laurentino. Escravidão, v.II, São Paulo: Globo, 2021. p.101
[6] MOREL, Regina. Ciência
e Estado a política científica no Brasi, São Paulo: T. Queiroz, 1979, p.26
[7] CALDEIRA, Jorge.
História do Brasil, São Paulo:Cia das Letras, 1997, p.110
[8] SOUTHEY, Robert.
História do Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.3, p. 475
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