sábado, 6 de novembro de 2021

Monges cisterciences e Bernardo de Claraval

 

Durante a vida de Bernardo de Clairvaux/Claraval (1090-1153) os cistercienses fundaram dezenas de novas abadias e experimentaram uma expansão significativa.[1] De apenas oitenta casas em 1134 saltou para trezentas e cinquenta em 1154.[2] O monge ideal era aquele que dominava todas as habilidades e trabalhos dos camponeses, carpintaria, alvenaria, jardinagem e tecelagem, conciliando de forma equilibrada o trabalho e a contemplação, em um retorno à regra dos beneditinos[3]. Segundo o biógrafo do monge cisterciense  Aelred de Rievaulx (1110-1167)[4]: “não poupou a pele macia de suas mãos, mas manobrou virilmente com seus dedos esguios as ferramentas ásperas de suas tarefas de campo”. Georges Duby mostra que a proposta de austeridade da ordem de Cister criticava os monges de Cluny pelo seu gosto excessivo pelo luxo e conforto, propondo um novo estilo monástico reacionário e retrógrado, de modo as resistir às tentações do progresso retomando os princípios do monaquismo de São Bento: “a abadia volta a ser uma rocha [...] Eis porque as forjas, os celeiros construídos pelos cistercienses tem a majestade de suas igrejas: o celeiro, as forjas  o claustro e a igreja são, com efeito, diferentes instrumentos de uma mesma função, de um mesmo ofício”. [5]

[1] MURPHY, Tim Wallace. O código secreto das catedrais. São Paulo:Pensamento, 2007, p. 152

[2] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 149

[3] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.9

[4] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 10

[5] DUBY, George. A Europa na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1988, p.45, 46



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