domingo, 14 de novembro de 2021

As iluminuras medievais do século XIII

 

Georges Duby destaca que os laicos no século XV oram como outrora somente os monges oravam, como se observa no livro de orações Très Riches Heures encontrado na biblioteca de Carlos V, através de uma leitura “que se torna silenciosa, pessoal, como a oração”.[1] Robert Fossier, contudo, observa que as ricas iluminuras como as Très riches heures de Jean duc de Berry de 1410 estavam longe do alcance de um público mas amplo sendo objeto restrito a colecionadores.[2] Daniel Rops mostra que com o surgimento das universidades no século XIII os copistas saíram dos mosteiros e conventos e passaram a trabalhar em oficinas dirigidas por leigos para atender a nova demanda por produção de livros, como em Paris. Guillebert de Metz no início do século XIV aponta a presença em Paris de mais de sessenta mil copistas trabalhando em centenas de oficinas dispersas pela capital. O manuscrito tornou-se uma indústria com produção em série. Nesse novo cenário obras primas artesanais ricamente ilustradas como a iluminura do Breviário de Belleville de Jean Belleville por volta de 1320 continuaram a feitas tendo como público a elite.[3]


[1] DUBY, Georges, A Europa na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 124

[2] FOSSIER, Robert. As pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 257

[3] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 340



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