domingo, 14 de novembro de 2021

Alcuíno de Iorque

 

O renascimento na época de Carlos Magno no século VIII não é uma inovação, mas a ressurreição do império romano. As escolas de Atenas haviam sido fechadas por Justiniano em 529. Carlos Magno auxiliado pelo monge beneditino Alcuíno de York, prior do Mosteiro de S. Martinho de Tours, em seu tempo conhecido como “o mais letrado do mundo”, ordenou a fundação de novas escolas anexas as abadias do reino em 787[1] onde todos aqueles “que, com a graça de Deus, fossem capazes de aprender”[2]. Entre estas escolas destacava-se a Escola do Palácio (Academia Palatina), como local de encontros de sábios eclesiásticos da época, como Rábano Mauro  e os historiadores Paulo Diácono e Eginhardo (autor de uma biografia de Carlos Magno). A Escola se dedicava a preparação de jovens nobres que visavam algum cargo administrativo.[3] Para Robert Fossier a Escola do Palácio “nunca passou de um modesto circulo de conselheiros ociosos em que o príncipe não era o único a não saber escrever”, de qualquer forma na reforma educacional de Carlos Magno o ensino passa para as mãos da Igreja[4]. O currículo básico estabelecido por Alcuíno constituído pelo trivium (gramática, retórica e dialética) para a ciência das palavras e pelo quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música) para a ciência das coisas.[5] Segundo Sedgwick: “Foi nas escolas de Carlos Magno que se desenvolveu pouco a pouco esse espírito sutil, minucioso e super refinado do último período da Idade Média, que se tornou conhecido pelo nome de escolástica. Baseado, como era, na autoridade ao invés da experiência, e acentuando, como fazia, mais os detalhes do que os princípios, esse espírito aguçava o intelecto em lugar de conferir-lhe maior largueza, e era indiferente, senão desfavorável, à ciência”.[6] Daniel Rops argumenta que a política de escolas de Carlos Magno foi ditada pela Igreja que já vinha demonstrando o papel das escolas desde o século VI com Cesário de Arles ao expor no Concílio de Vaiason (529) a necessidade de escolas no campo. Diversos bispos seguiram o mesmo caminho: Nizier/Nicetus de Lyon (513-573), Teodulfo de Orleans (750-821), Leidrade bispo de Lyon (797-816), Hincmar arcebispo de Reims (806-882). Para Daniel Rops os exemplos mostram que a igreja não tinha interesse que seus fies permanecessem iletrados muito embora ser iletrado no período medieval não necessariamente significasse uma pessoa sem instrução, pois o acesso a livros era muito custoso.[7]

[1] MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.116

[2] FREMANTLE, Anne. Idade da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro:José Olympio, 1970, p.93

[] MENDONÇA, Sonia. O mundo carolíngio. Coleção Tudo é história, n° 99, São Paulo:Brasiliense, 1985, p.84

[4] FOSSIER, Robert. As pessoas da idade média, Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 271

[5] COSTA, José Silveira da. A escolástica crsitã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.10

[6] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.155

[7] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 341



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