sábado, 13 de novembro de 2021

A oficina de Cleópatra para produção de incensos e perfumes

 

Artigos cosméticos foram encontrados em tumbas egípcias do período Badariense datado do V milênio a.c.[1] como malaquita verde uadj (cobre) simboliza a regeneração e a vida, galena negra kem (sulfeto de chumbo), ocre vermelho decher (óxido de ferro) representava a energia, o poder e a sexualidade, tanto em estado natural como pulverizados. O azul (khesebedj) era extraído do carbonato de cobre e estava associado ao rio Nilo e ao ceu. Segundo Philippe Walter, do Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus de Paris “Há textos descrevendo receitas para tratar infecções oculares e informações sobre o uso de maquiagem para proteger os olhos nos Papiros Ebers”.[2] Uma pesquisa feita por químicos franceses liderados por Philippe Walter mostrou que os egípcios já em 2000 a 1200 a.c detinham a tecnologia para fabricação de cosméticos conservados em frascos originais de alabastro, madeira ou cerâmica. A pesquisa provou que os restos de cosméticos com base em chumbo encontrados nos recipientes do Louvre foram obra de processos químicos sofisticados, e não só da extração de produtos naturais, pois revelam a presença de laurionita e fosfogenita compostos raramente encontrados na natureza e que segundo os pesquisadores muito provavelmente foram obtidos de forma artificial.[3] Teofrasto no ensaio De odoribus afirma que os perfumes egípcios são os melhores do mundo. Na câmara das Hipostilas no templo da deusa Hathor em Dendera, conhecida como “Senhora de Biblos”[4] há uma sala onde são encontradas inscrições de vários perfumes e unguentos, o que sugere tratar-se de um local dedicado a preparação de tais produtos[5]. De Creta tinha origem o arbusto de Chipre de cuja casca se fazia a hena obtida das raízes e folhas da Lawsonia inermis usada para pintar de vermelho as unhas das egípcias[6]. Édouard Naville cita como prova as unhas vermelhas das múmias da XI dinastia de Tebas.[7] Sementes de Balanites aegyptiaca, tâmaras do deserto, eram usadas para extração de um apreciado óleo aromático usado em perfumaria.[8] No papiro de Ebers descoberto em 1875 são citados diversos tipos de desodorantes. Da primeira Dinastia (2850 a.c.) foi encontrado uma paleta de cosméticos de ardósia, guardadas no Museu Ashomlean em Oxford.[9] Plutarco em “Vida de Antonio” capítulo 26.2 se refere aos “odores maravilhosos de incontáveis ofertas de incenso” oferecidos aos deuses por Cleópatra.[10] Na década de 1980 Mordechai Gichon descobriu em En Boqeq em Israel próximo ao mar Morto a “oficina de Cleópatra” para produção de substâncias aromáticas.[11] Plínio em História Natural se refere a uso de incensos e substâncias aromáticas tais como óleos (Pliny, Nat. Hist. XXXI:46, XXXVI:26, 190; XXXVII). Exodo 30:22 também se refere a tais usos: “Tu, pois, toma para ti das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, e de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos, E de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him. E disto farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra do perfumista: este será o azeite da santa unção”.



[1] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 284

[2] Revista Isto É. O Segredo Da Maquiagem Do Egito, edição 2660 08/01 https://istoe.com.br/44414_O+SEGREDO+DA+MAQUIAGEM+DO+EGITO/

[3] CHILDRESS, David Hatcher. A incrível tecnologia dos antigos, São Paulo:Aleph, 2005, p. 25; Revista Nature, n.397, 1999; BONALUME, Ricardo. Cosmética antiga, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe14039901.htm

[4] SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 75

[5] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 399

[6] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.73

[7] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 88

[8] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 86

[9] NEUBERT, Otto. O vale dos Reis, Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.56

[10] http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A2008.01.0007%3Achapter%3D26%3Asection%3D2

[11] LUCK, Georg. Arcana Mundi: magic and the occult in the Greek and roman worlds. Baltimore: Johsn Hopkins, 2006, p. 439; LENTINI, Alessandro. “Scents in the ancient civilizations of the Mediterranean basin: archaeometric studies on Cleopatra’s officine (En Boqeq, Israel) and on Pyrgos/Mavroraki’s perfumery (Cyprus) ”

https://www.academia.edu/13444456/Scents_in_the_ancient_civilizations_of_the_Mediterranean_basin_archaeometric_studies_on_Cleopatra_s_officine_En_Boqeq_Israel_and_on_Pyrgos_Mavroraki_s_perfumery_Cyprus_



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