Froebeniius em sua obra “E a África falou” relata o
assombro dos navegantes portugueses ao entrarem em contato com a riqueza da
cultura ioruba: estradas cuidadosamente traçadas, ricos campos cultivados,
pessoas vestidas de magníficas roupas feitas de tecidos de fabricação própria:
“os relatórios de navegantes dos séculos
XV a XVII não deixam margem à dúvida alguma de que a África que se estendia ao
sul do Saara se achava então num estado altamente civilizado”.[1] Leo Froebenius
atribui as cabeças de Ifé, por ele descobertas em 1910 em um bosque sagrado dedicado ao orixá do oceano Olocum, a
data do século V a.c e que procedem da arte egípcia menfita do período persa,
porém Shinnie não está convencido desta relação direta: “há agora quantidade de provas que demonstram que muitas partes da África possuíam sociedades
altamente desenvolvidas, bem adaptadas aos ambientes, desde tempos antigos, e
de que, embora na África, como em outras partes do mundo, nenhuma sociedade
fica isolada e um tráfego de duas mãos de ideias e técnicas acontece, não sendo
absolutamente necessário presumir que tudo na África veio do Egito”[2]. O
estilo similar a arte grega levou a Froebenius se recusar que pudessem ser sido
criação do povos africanos, atribuindo a um vestígio da arte encontrada em
Atlântida[3]. Cheikh Anta
Diop em Antériorité des civilizations
nègres sustenta a tese de que as civilizações negras são anteriores à
civilização egípcia o que se comprova pelo paralelismo da língua senegalesa
Wolof e o egípcio antigo e pela presença de arte rupestre representando seres
humanos com cabeças de animais antecipando o zoomorfismo observado no Egito[4]. Em 1897
os britânicos invadiram e saquearam o palácio de Obá na cidade de Benin na
Nigéria recolhendo diversas obras de arte, bronzes e joias hoje guardadas nos
museus europeus[5].
Estátuas do Palácio de Abomey, a capital histórica do atual Benim, foram roubadas
em 1892 por tropas francesas do general Alfred Amédée Dodds. O governo de Benin
reclama a devolução de 4.500 e 6.000 objetos que pertencem ao país, incluindo
tronos, portas de madeira gravada e cetros reais.[6] Nos
séculos XVII e XVIII os artesãos muçulmanos atingiram um grau sofisticado de
ourivesaria, particularmente com os ashanti da Guiné, que dominavam a técnica
de cera perdida.[7] A ministra da Cultura da Alemanha Monika Grütters, decidiu que a devolução dos
Bronzes à Nigéria começará em 2022. O ministro do Interior alemão, Heiko Maas,
comentou: "O fato de se ter conseguido estabelecer um cronograma para
as restituições dos objetos, junto com os museus e seus patrocinadores, é uma
virada de página em nossa abordagem da história colonial."[8]
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