Robert Southey aponta que o caráter nômade das tribos indígenas brasileiras retardava o progresso.[1] Segundo Ivan Filho o indígena brasileiro estava numa fase de semi-sedenterização com base na produção de tubérculos e cereais quando da chegada dos portugueses no século XVI. Depoimentos do padre Fernão Cardim em Tratado da terra e da gente do Brasil, mostram que os indígenas já mantinham uma sociedade que armazenava excedentes de comida, pois “Logo comem tudo o que têm e repartem com seus amigos” ainda que possuíssem um baixo nível de armazenamento de alimentos.[2] Jean Lery reproduz as palavras de um velho tupinambá questionando a lógica do homem branco: “Vós mairs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivam “Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos, mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descasamos sem maiores cuidados”.[3]
[1] SOUTHEY, Robert.
História do Brasil, Brasília: Melhoramentos, 1977, v.1, p. 188
[2] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa
Editora, 1987, p.19
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