Daniel Precioso (figura) em seu trabalho de 2011 “Legítimos vassalos: pardos livres e forros
na Vila Rica Colonial (1750-1803)” e Henrique Nelson da Silva em
dissertação pela UFPE em 2010 Trabalhadores
de São José: artesãos do Recife no século XVIII igualmente identificam a
possibilidade de ascensão social de tais artesãos, por exemplo, Antonio
Fernandes de Matos (1671-1701), mestre pedreiro português, fez fortuna no
Recife do século XVII.[1] José, escravo do Doutor Joaquim Apolinário, em 1791, mesmo contrariando a
diretoria da Irmandade de São José do Recife conseguiu sua carta de exame após
recurso junto à Câmara de Olinda. A importância social da Irmandade de São José
do Recife foi reconhecida pela visita do governador Correia de Sá na abertura
do culto da Igreja em 1754. No Rio de Janeiro uma loja de mercearia somente
receberia autorização da Câmara da cidade para funcionar se o mestre obtivesse
a carta aprovada pela Irmandade de São José, à qual este ofício estava
vinculado.[2] Daniel Precioso
estuda a confraria de são José dos Bem casados, reduto de sociabilidade dos
homens pardos e de ascensão social, o que incluía artesãos de diferentes
ofícios carpinteiros, pedreiros, pintores, entalhadores, ferreiros,
marceneiros, serralheiros, oleiros, seleiros, sapateiros e alfaiates que podiam
inclusive exercer suas funções de oficiais mecânicos e ocupar postos em
milícias conjugando a mineração a essas atividades, por exemplo, o pardo
Gonçalo da Silva Minas, boticário e mineiro, sargento-mor do terço auxiliar dos
homens pardos libertos de Vila Rica alforriado por seu antigo senhor, o boticário
José Carneiro de Miranda que em seu testamento legou ao seu escravo “pardo”,
“uma botica aparelhada e uma morada de casas com seus trastes”. Além do serviço
de boticário, Gonçalo desempenhava também a profissão de mineiro, pois declarou
ser dono de um “serviço e mina, com suas vertentes e mais pertences”. Na
análise de Daniel Precioso o caso de Gonçalo “exemplifica o caminho percorrido por um
grupo seleto de homens pardos que, uma vez egressos do cativeiro ou livres por
apenas uma ou duas gerações do cativeiro, emergiram socialmente das injunções
de uma estrutura colonial tardia e viveram as imprecisões das leis de uma
sociedade herdeira de critérios do antigo regime, mas igualmente marcada pelo
jus naturalismo e, no âmbito econômico, pela crescente importância da riqueza
como fator de hierarquização”.[3] Daniel Precioso corrobora a tese de Russel Wood em sua obra “Escravos e
libertos no Brasil colonial” de 1967 de que “as irmandades e as tropas
auxiliares eram locus privilegiado para a investigação da sociabilidade e da
pressão empreendida por indivíduos de ascendência africana sobre as autoridades”.
[1] BOXER, Charles. A idade
de ouro do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 34
[2] CAVALCANTI, Nireu. O
Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão
francesa até a chegada da Corte, Rio de Janeiro:Zahar, 2004, p. 209
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