terça-feira, 28 de setembro de 2021

Um artigo pioneiro de história das ciências no Brasil

 

Uma matéria de setembro de 1816 na Gazeta do Rio de Janeiro assinada por Georges Cuvier (figura) destaca o papel do progresso da ciência “Esta preciosa herança sempre crescida, levada da Caldeia ao Egito, do Egito à Grécia, escondida em séculos de desgraça e de trevas, restaurada em épocas mais felizes, desigualmente espalhada entre os povos da Europa, tem sido seguida por toda a parte da riqueza e do poder; as nações que a têm recolhido vieram a ser senhoras do mundo, as que a desprezaram caíram na fraqueza e na obscuridade [...] todas as grandes descobertas práticas dos nossos últimos tempos tem precisamente o caráter de tirarem sua origem da generalidade e do rigor dado às indagações científicas, e essa profundidade, essas dificuldades, que espíritos orgulhosos desdenhavam como inúteis, são justamente o que tem produzido a utilidade mais assombrosa [...] Os Cooks, os Bourgainvilles, os Vancouvers não poderiam afrontar os gelos do polo, nem os baixios do mar das índias e homens civilizados não habitariam a Nova Holanda, se os Eulers, os Lagranges, os Laplaces não tivessem resolvido no fundo de seus gabinetes, alguns problemas abstratos de cálculo integral [..] se Paris não foi dizimada em 1814 pela febre pestilencial que a guerra tinha trazido a seus hospitais, é porque o sueco Scheele tinha descoberto, 30 anos antes, um ácido que conserva o contágio e depressa lhe destroi o gérmen [...] Pois bem, esses tesouros, esses gozos, nenhuma das invenções que no-los procuram, teriam nascido sem a ciência”.[1] José Carlos de Oliveira aponta este artigo como o primeiro de história de ciência publicado no Brasil.



[1] OLIVEIRA, José Carlos. D. João VI e a cultra científica, Rio de Janeiro: EMC Edições, 2008, p. 47



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