Uma matéria de setembro de 1816 na Gazeta do Rio de
Janeiro assinada por Georges Cuvier (figura) destaca o papel do progresso da ciência “Esta
preciosa herança sempre crescida, levada da Caldeia ao Egito, do Egito à
Grécia, escondida em séculos de desgraça e de trevas, restaurada em épocas mais
felizes, desigualmente espalhada entre os povos da Europa, tem sido seguida por
toda a parte da riqueza e do poder; as nações que a têm recolhido vieram a ser
senhoras do mundo, as que a desprezaram caíram na fraqueza e na obscuridade
[...] todas as grandes descobertas práticas dos nossos últimos tempos tem precisamente
o caráter de tirarem sua origem da generalidade e do rigor dado às indagações
científicas, e essa profundidade, essas dificuldades, que espíritos orgulhosos
desdenhavam como inúteis, são justamente o que tem produzido a utilidade mais assombrosa
[...] Os Cooks, os Bourgainvilles, os Vancouvers não poderiam afrontar os gelos
do polo, nem os baixios do mar das índias e homens civilizados não habitariam a
Nova Holanda, se os Eulers, os Lagranges, os Laplaces não tivessem resolvido no
fundo de seus gabinetes, alguns problemas abstratos de cálculo integral [..] se
Paris não foi dizimada em 1814 pela febre pestilencial que a guerra tinha
trazido a seus hospitais, é porque o sueco Scheele tinha descoberto, 30 anos
antes, um ácido que conserva o contágio e depressa lhe destroi o gérmen [...] Pois
bem, esses tesouros, esses gozos, nenhuma das invenções que no-los procuram,
teriam nascido sem a ciência”.[1] José
Carlos de Oliveira aponta este artigo como o primeiro de história de ciência
publicado no Brasil.
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