terça-feira, 28 de setembro de 2021

A recepção das teorias de Lavoisier no Brasil

 

O mineiro Vicente Coelho da Silva e Seabra (figura) formado em Coimbra publicou em 1788 Elementos de Chimica divulgando a recente teoria de Lavoisier, abandonando a teoria do flogisto, além de ter procedido a adaptação da nomenclatura proposta por Lavoisier para o português.[1] Em 1790 Lavoisier irá publicar Tratado elementar de química que será considerado o marco fundador da química moderna. Na Academia Real Militar no Rio de Janeiro inaugurada em 1811 as aulas de química incluíam as obras de Lavoisier, Vauquelin, Jouveroi, de la Grange e Chaptal.[2] Arruda da Câmara fora aluno de Chaptal em Montpellier, discípulo de Lavoisier.[3] Em 1813 no jornal “O Patriota” Silvestre Pinheiro Ferreira escreve artigo sobre um novo princípio da teoria do calórico em que se mostra atualizado quanto as discussões científicas de sua época. Segundo Antonio Cândido “a atividade d’O Patriota representa porventura a primeira manifestação pública de uma vida intelectual brasileira voltada para a divulgação das ciências e das letras em benefício do progresso”. Para José Carlos de Oliveira: “o periódico O Patriota foi sem dúvida o que mais tratou de difundir o espírito científico no Brasil, embora não tenha observado empenho teimoso em consolidar tal tipo de atividade no Brasil. [..] O periódico O Patriota não evoluiu nem agrupou homens de Ciência de forma a construir uma comunidade científica no Brasil que revertesse o quadro ainda tímido da cultura científica”.[4] Para Lorelai Cury “A publicação de O Patriota se insere em contexto de valorização das produções brasileiras por parte da administração portuguesa e das elites locais. A ênfase dada em suas páginas aos conhecimentos úteis é um desdobramento das preocupações do movimento iluminista luso-brasileiro. A diversidade temática dos artigos de O Patriota e sua preocupação didática delimitam sua vocação ilustrada, nos moldes do enciclopedismo europeu [...] O que se vê em O Patriota, no entanto, é a crítica, nem sempre velada, ao desinteresse das autoridades e dos agricultores pela inovação e aperfeiçoamento técnicos.”[5]



[1] AZEVEDO, Fernando. As ciências no Brasil, Rio de Janeiro:UFRJ, 1994, p.15; MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São Paulo:Edusp2004, p. 114; TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX, Rio de Janeiro:Clube de Engenharia, 1994, p.19; FILGUEIRAS, Carlos. Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.108,130, 139

[2] FILGUEIRAS, Carlos. Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.202

[3] KURY, Lorelai. Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota (1813-1814), Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007, p. 151

[4] OLIVEIRA, José Carlos. D. João VI e a cultra científica, Rio de Janeiro: EMC Edições, 2008, p. 57, 88;

[5] KURY, Lorelai. Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota (1813-1814), Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/37832/2/livro.pdf



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