quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Os imigrantes portugueses do Minho e Douro do século XVIII

 

Um fator que explica o crescimento do mercado interno na colônia foi o crescimento cada vez maior de imigrantes vindos da metrópole. Portugal vinha emitindo sucessivas cartas régias no intuito de restringir a emigração como a de 1667, 1674, 1694, os decretos de 1709 e 1711 e as provisões de 1709, 1713 e 1744. O decreto de 1709 informava que “Tendo em consideração ao grave prejuízo que se segue a este Reino, da muita gente que dele de ausenta para as conquistas, principalmente da província do Minho [...] que sendo a mais povoada, se acha hoje em estado que não há gente necessária para a cultura das terras”.[1] Charles Boxer registra que mais de três quintas partes dos portugueses vinham da província do Minho e Douro.[2] A lei de 1720 dizia: “não tendo bastado as providências dos decretos de 1709 e 1711 para obstar a que do reino passe para o Brasil a muita gente que todos os anos dele se ausenta, mormente da província do Minho, que sendo tão povoada, já não tem a gente necessária para a cultura das terras, cuja falta é tão sensível, que se torna urgente acudir com um remédio eficaz, a frequência com que se vem despovoando o reino”.[3] Em tom de exagero o Triunfo Eucarístico de 1734 um texto em referência a festividade realizada em 1733 na cidade brasileira de Ouro Preto, então Vila Rica, que marcou a trasladação do Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário e a sua condução triunfal até a Igreja do Pilar, afirma que “meio Portugal já emigrara para o Brasil” em reflexo à busca pelo ouro de Minas Gerais[4] que fez a capitania ultrapassar os trezentos mil habitantes em 1776.[5] Laurentino Gomes menciona que de 1700 a 1800 cerca de meio milhão de portugueses emigraram para o Brasil da mesma forma eu na mesma época aumentou em muito o trafico de escravos vindos principalmente para a região mineradora de Minas Gerais[6].

[1] CORTESÃO, Jaime. Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.I, São Paulo: Funag, 2006, p.75; GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 66

[2] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 186

[3] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.9; BOXER, Charles. O império Colonial português, Lisboa:Edições 70, 1969, p.171

[4] MARQUES, Oliveira. Brevíssima história de Portugal. Rio de Janeiro: Tinta da China , 2016, p.136; BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 71

[5] AQUINO, Fernando, Gilberto, Hiran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000, p.217

[6] GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 45



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...