Os
escravos africanos antes de embarcar nos navios negreiros recebiam quatro
diferentes marcações na pele: a identificação do responsável pelo envio do
escravo, o selo da Coroa portuguesa que era gravado sobre o peito direito,
indicando que os impostos haviam sido pagos, uma terceira marca em forma de
cruz indicava que havia sido batizado. A quarta marca sobre o peito ou nos
braços indicava o nome do traficante do navio negreiro que estava embarcando a
carga. Ao chegar no Brasil poderiam receber ainda uma quinta marca, de seu novo
proprietário. Em quibumbo crimbo significa marca. Todo o processo de marcação a
ferro quente era assustador e ficava a cargo do “marcador de negros”.[1] O alvará régio de 3 de março de 1741 determinava: “Eu, El-Rei, faço saber
aos que este alvará virem, que sendo-me presentes os insultos que no Brasil
cometem os escravos fugidos [...], passando a fazer o excesso de se juntarem em
quilombos, e sendo preciso acudir com remédios que evitem esta desordem, hei
por bem que a todos os que forem achados em quilombos, estando neles
voluntariamente, se lhes ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F
[...], e, se quando se for executar esta pena, for achado já com a mesma marca,
se lhe cortará uma orelha, tudo por simples mandado do juiz de fora, ou
ordinário da terra ou do ouvidor da comarca, sem processo algum e só pela
notoriedade do fato, logo que do quilombo for trazido, antes de entrar para a
cadeia”.[2] Charles
Boxer registra que muitos negros exibiam com orgulho a marca F em seus ombros o
que levou a elaboração de uma petição á Coroa em 1755 sugerindo que os negros
capturados após fuga tivessem o tendão de Aquiles cortado como forma de evitar
novas fugas. O conde de Arcos, contudo rejeitou a proposta: “Digo que esta
tua barbaridade é indigna de homens que tem o nome de cristãos [..] quando na
verdade a maior parte desse cativos fogem porque seus donos os não sustentam e
não os vestem e não os tratam com amor e caridade devida, tanto na saúde como
na enfermidade que são obrigados e, além de os tratarem mal no que diz respeito
ao sustento e vestido fazem-lhe mil sevícias de rigorosos e inauditos castigos”[3].
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