Nas trocas de pau brasil com os primeiros colonizadores
portugueses os índios apreciavam muito os instrumentos de ferro pois
desconheciam a metalurgia.[1] Já em
sua carta Pero Vaz de Caminha narra que “Muitos deles [os indígenas] vinham ali
estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais por verem a ferramenta de
ferro com que a faziam do que por verem a Cruz, porque eles não tem coisa que
de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas,
metidas em um pau entre duas talas muito bem atadas e por tal maneira que andam
fortes, segundo diziam os homens”.[2] Na Relação
do piloto anônimo também há a descrição de “nesta terra não vimos ferro
e faltam-lhes outros metais. E cortam a madeira com pedras”.[3] As
cartas de Américo Vespúcio dirigida a Lorenzo de Medici em 1502 relata que os
índios não conheciam o ferro ou qualquer
outro metal.[4] Guido Boggiani em seu livro Os caduveo, com base na sua convivência entre
os Kadiwéu em 1892, contudo, considera provável que antes da chegada dos
portugueses os indígenas de Mato Grosso, moções paulistas, Paraguai e Baixo
Amazonas (Mbaiá Guaicuru) já conheciam artefatos de ferro talvez sob influência
dos povos andinos. Boggiani assinala a presença de um indígena ferreiro que
tinha inclusive foles em sua oficina e retemperava o aço dos machados.[5] Vicente
Tapajós em História do Brasil argumenta que os índios não desconheciam
os metais. Capistrano de Abreu em Capítulos da Histórica Colonial relata
que uma armada de 1513 ao sul do Brasil que tinha como capitão João de Lisboa se
refere a ter encontrado diversos objetos metálicos na boca de um grande rio caudaloso
incluindo um martelo de prata o qual levou para Portugal.[6]
[1] CALDEIRA, Jorge.
História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.32
[2] PEREIRA, Paulo Roberto.
Os três únicos testemunhos do descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro: Lacerda
Editora, 1999, p.50
[3] PEREIRA, Paulo Roberto.
Os três únicos testemunhos do descobrimento do Brasil, Rio de Janeiro: Lacerda
Editora, 1999, p.77
[4] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.5
[5] RODRIGUES, Clóvis, A inventiva Brasileira, Brasília:INL, 1979, v.1, p. 268
Nenhum comentário:
Postar um comentário