Os interesses de D. João V quando da promoção de cientistas para os trabalhos de cartografia usados para fundamentar as negociações do Tratado de Madri conduzidos por Alexandre de Gusmão, segundo Jaime Cortesão[1] não era o de promover a ciência mas atender interesses políticos: “Ele não fundara uma Academia de Ciências como a de Paris ou Londres. Mas de História (Academia Real de História Portuguesa em 1720). E, em primeiro lugar, eclesiástica. Não lhe importava, como um fim supremo, a busca da verdade e da explicação científica do universo. Mas a valorização moral do português, nas suas relações com Deus. A astronomia não passava aos seus olhos dum instrumento de expansão do seu Império e da sua Fé, bases transcendentes e incomparáveis do seu trono de monarca absoluto”. Deste movimento, posteriormente Alexandre de Gusmão funda uma escola de astronomia aplicada à geografia e cartografia trazendo da Itália o engenheiro Miguel Ciera[2] que chegou em Lisboa em 1751 como um dos mestres renovadores dessa cultura que formaria vários portugueses e brasileiros que teriam um papel importante na execução do Tratado de Santo Ildefonso em 1777.[3] A Academia das Ciências de Lisboa foi fundada a 24 de dezembro de 1779, no reinado de D. Maria I tendo como grandes responsáveis e mentores pela concretização deste projeto, sobretudo, o 2.º Duque de Lafões, D. João Carlos de Bragança, primeiro Presidente, e o abade José Corrêa da Serra, primeiro Secretário-geral. Na mesma época seria publicado as Memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa refletindo a difusão da circulação de periódicos científicos.[4]
[1] CORTESÃO, Jaime.
Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.I, São Paulo: Funag, 2006, p.292
[2] COSTA, Maria de Fátima.
Miguel Ciera: um demarcador de limites no interior sul-americano (1750-1760), Estudos
de Cultura Material, An. mus. paul. 17 (2), Dez 2009
https://www.scielo.br/j/anaismp/a/W8FJKFt8dySXVxmvcrJTrNB/?lang=pt
[3] CORTESÃO, Jaime.
Alexandre Gusmão e o Tratado de Madrid, v.II, São Paulo: Funag, 2006, p.398
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