Segundo Gabriel Soares em Tratado Descritivo do Brasil de 1938 os tapuia eram desprovidos de
todo e qualquer utensílio na agricultura exceto pelo uso de pau de ponta.
Diversos autores como Southey, Saint Hilaire e Varnhagen ressaltam a prática da
agricultura brasileira da coivara entre os índios.[1] Frei
Vicente Salvador destaca a agricultura predatória adotada pelos colonizadores
portugueses que usam a terra “não como
senhores, mas como usufrutuários, só para desfrutarem e a deixarem destruída
[...] Donde nasce também que nem um homem nessa terra é republico, nem zela ou
trata do bem comum, senão da um do bem particular”.[2] Saint
Hilaire no século XIX descreve que “todo
o sistema da agricultura brasileira é baseado na destruição das florestas e
onde não há matas não existe lavoura”.[3] Segundo
Thevet, “é assim que preparam suas terras
para o cultivo: primeiramente, cortam sete ou oito jugadas de mato, deixando de
pé apenas as árvores mais altas que um homem. Depois ateiam fogo nos troncos e
ervas, roçando e limpando todo o terreno. Em seguida sugam a terra com certos
instrumentos de madeira (ou de ferro, depois que tiveram conhecimento destes).
Em seguida, as mulheres plantam o milho indígena e certas raízes chamadas
etique (batata-doce), escavando com o dedo uma cova, como se usa entre nós
quando plantamos ervilhas e favas”.[4] Betty Meggers
contudo, contesta que se possa designar as técnicas de derrubada, queima e
coivara indígenas como predatórias: “é uma técnica especializada que se
desenvolveu em resposta às condições específicas de clima e solo tropicais”. Os
desmatamentos eram sempre em pequenos lotes e que deixam galhos e troncos para apodrecer paulatinamente e
assim não expor o solo à irradiação solar e ao impacto das chuvas e erosão. O
uso da queimada em pequenas escala e o uso da estaca de cavar ao invés da
enxada ou do arado, evita que se elimine o humus da terra e com isso a evasão
de nutrientes. A derrubada de áreas descontínuas da mata, por sua vez, favorece
a multiplicação da caça.[5]
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