No livro V de Confissões Agostinho condena os prazeres
sensuais bem como “o desejo vão e curioso
de investigação [...] que é dissimulado sob o nome de conhecimento e ciência”.
Para Agostinho o conhecimento adquirido por mera curiosidade não tem qualquer
valor: “os homens tratam de investigar os
fenômenos da natureza, embora o conhecimento não tenha valor para eles, pois
desejam conhecer simplesmente pelo gosto de conhecer”[1]. São
Bernardo afirma “deve-se aprender apenas
para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é
apenas uma vergonhosa curiosidade”. [2] Agostinho na Cidade de Deus, exalta
os inventos humanos nas edificações, adornos, agricultura, navegação, escultura
e pintura[3], porém
revela que tais criações apenas revelam “a
natureza da alma humana em geral, e o homem é mortal; não servem de referência
ao caminho da verdade pelo qual ele chega à vida eterna”[4]. Agostinho
as “muitas artes maravilhosas como resultado
da necessidade e também da inventividade exuberante” revelam “uma inesgotável riqueza da natureza”,
mas aponta que este vigor do espírito se volte para “coisas supérfluas e também coisas perigosas e destrutivas”. Para Santo
Agostinho: “para descobrir Deus alguns
leem um livro, mas existe um grande livro: a própria aparência da criação.
Levantem os olhos, abaixem-nos, vejam, leiam. Deis, que vocês buscam descobrir,
não criou as letras de tinta, ele pôs sob seus olhos as próprias coisas que fez”.[5] Por
outro lado Santo Agostinho afirma “A
verdade está mais no que Deus revela do que nas conjecturas de homens que andam
às escuras”.[6] Para Agostinho o legado intelectual do mundo greco romano tinha um papel
secundário para construção da cultura: “se
os filósofos pagãos exprimiram, por acaso, verdades úteis á nossa fé, em
especial os filósofos platônicos, não só não há que recear tais verdades como é
preciso arrancá-las, para nosso serviço, a esses seus detentores ilegítimos”.[7] Para
Agostinho “Fides, si non cogitatur nulla esta – a fé, sem a razão, é nula”.[8]
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