Segundo a Instrução de Kheti: “Torna-te escriba: tua pele será suave e tuas mãos finas, poderás vestir-te de branco e caminhar como um homem de categoria a quem saudarão os cortesãos”, o que sugere o trabalho dos escribas como intelectual, distante da dureza do trabalho braçal. As figuras de escriba sentado tornaram-se bastante populares tendo surgido na IV Dinastia (2613-2494 a.c) e cujo primeiro exemplar é a do príncipe Kauab que viveu sob o reino de Quéops.[1] O escriba Amenófis, filho de Hapu, e um dos principais oficiais da Corte de Amenófis III foi retratado como escriba e venerado por séculos após sua morte como símbolo da sabedoria, uma mostra que o conhecimento era valorizado na sociedade egípcia.[2] Norman Ross observa que o estado teocrático egípcio era fundamentado no conceito de maat uma vez que não havia uma codificação escrita de leis no Egito antigo: a lei era o desejo do faraó: “O que a deus ama, é que se faça justiça. O que a deus detesta, é o favor concedido a um só lado. Eis a doutrina”.[3] A estela do faraó Djet une sucintamente vários aspectos da realeza em um único ícone. Na parte de cima está a personificação do rei, na forma do falcão divino, Hórus. Em seguida há a representação do faraó Djet que significa serpente, quarto faraó da I dinastia do Egito Antigo. E no nível mais baixo está uma representação bidimensional da fachada do palácio real. Essa imagem em si sugere o papel do rei entre as deidades.[4]
[1] TIRADRITTI,
Francesco. Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White
Star Pub, 1998, p.77
[2] TIRADRITTI, Francesco.
Tesouros do Egito do Museu egípcio do Cairo, White Star Pub, 1998, p.158, 182
[3] CROUZET, Maurice.
História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações
imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 66
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