Nas palavras do iluminista
abade Raynal (1713-1796), em uma crítica aos sistema colonial português: “O
Brasil converter-se-á num dos mais formosos estabelecimentos do globo, nada
para isso lhe falta, quando o estiverem libertado dessa multidão de impostos,
desse cardume de contratadores, agentes econômicos e fiscais qua atuam em nome
da Coroa, que o humilham e oprimem; quando inúmeros monopólios não mais
agrilhoarem suas atividades; quando o
preço das mercadorias que lhe vendem não for mais duplicado pelas taxas de que
andam sobrecarregadas e quando suas comunicações com as outras possessões
portuguesas se virem desembaraçadas dos entraves que as restringem”.[1] Raynal aponta o acirramento da dependência de Portugal com a Inglaterra a
partir de 1703 com o Tratado de Methuen, da qual resultaria a quase ruína
econômica de Portugal, e projeta no Terremoto de Lisboa, de 1755, uma
possibilidade de mudança, com o Brasil atuando com um dos agentes dessa
mudança, a partir do livre comércio com Portugal, a África e as ilhas
atlânticas. Raynal em seu livro Histoire des deux Indes de 1770 se
refere aos nativos na colônia de “brasileiros” uma designação já usada por Charles
Dellon, na descrição da sua passagem pelo Brasil na famosa Relation de
l'Inquisition de Goa. Leide: Daniel Gaasbeek, 1687. Luís da Cunha em carta de
1728 ao marquês de Abrantes, usa o termo “brasileiros” com conotação negativa:
"E não há dúvida que da maneira que os brasileiros o praticam
resgatando os negros das mãos do holandeses"[2].
[1] GARCIA, Fernando Cacciatore. Como escrever a história do Brasil, Porto Alegre:
Sulina, 2014, p. 430
[2] Lisboa.
Arquivos Nacionais da Torre do Tombo (ANTT). Ministério dos Negócios Exteriores
(MNE). Caixa 789. Carta de dom Luís da Cunha para o marquês de Abrantes, 7 out.
1728, f.15v; FURTADO, Junia Ferreira; MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Os Brasis na
Histoire des Deus Indes do abade Raynal, Vraia Hist, v.32, n.60, sep/dec 2016 https://www.scielo.br/j/vh/a/vWP8S8GmZK3xjNY6dncxzvH/?lang=pt
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