Jornais cariocas do século XIX apontavam como característica de alguns escravos fugidos sua “fala aportuguesada” uma vez que seus proprietários eram portugueses. Os cariocas, reflexo da intensa imigração portuguesa, tinham uma fala considerada aportuguesada. Em Portugal, por sua vez, criticava-se as vicissitudes em que o idioma português era submetido no Brasil. Satirizando tais divergências linguísticas, o caricaturista português Bordallo Pinheiro durante a viagem do imperador Pedro II a Portugal em 1872 escreve Apontamentos de Raphael Bordallo Pinheiro sobre a picaresca viagem do imperador de Rasilb pela Europa em que mostra um guia de conversação brasileiro português e português brasileiro.[1] Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão irão escrever “As farpas” publicado entre 1871 e 1883, como crónica mensal da política, das letras e dos costumes: “Os srs. do Brasil que dêem uma direção à sua linguagem de modo que não venha a cair com um enxurro sobre os nossos dicionários que passam. Em último caso que a canalizem “ E assim o brasileiro que tiver a expelir um período eloquente ou uma frase sublime, já se não aproxima da nossa gramática, dirige-se logo à sarjeta!”.[2]
[1] NOVAIS,
Fernando. História da vida privada no Brasil , v.2,
São Paulo:Companhia das Letras, 2019. Edição do Kindle, p.27
[2] MOTA, Maria Aparecida
Rezende. (Re)inventando a nação no Brasil e em Portugal – diálogos e impasses
da geração de 70. In: COSTA, Gomes. Brasil e ortugal 500 anos de enlaces e
desenlaces, Real Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro, 2000, p. 221 https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/518751
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