Hooykaas menciona que Platão repreendeu seus amigos Eudóxio e Arquitas por tentar destruir a “beleza da geometria” ao demonstrar algumas teses, por instrumentos e exemplos concretos, que não poderiam provar de maneira lógica. Em Fédon, Platão explica que Sócrates uma vez preso não tentou fugir não porque suas juntas e tendões estariam em determinada posição enquanto ele sentado, mas porque ele julga melhor não fugir, ou seja, as condições mecânicas apenas se ajustam às ordens que partem do domínio das ideias, a tecnologia, portanto é algo cujo estudo não é do interesse de Platão. A razão para regularidade no mundo deve ser buscada em alguma causa superior no mundo das ideias e mesmo Aristóteles tendo reagido a esta perspectiva platônica, tendo se ocupado de estudos em botânica e anatomia animal, não conseguiu se enquadrar como cientista, pois ainda preso a conceitos pré concebidos, velhos dogmas, aos quais a experiência deveria se ajustar. Sobre o sexo das abelhas dirá Aristóteles: “É inexato supor que as abelhas sejam fêmeas e os zangões sejam machos, pois a natureza jamais concede arma ofensiva a uma fêmea, e, não obstante, embora os zangões não sejam dotados de ferrão, todas as abelhas os têm. Nem será mais razoável a opinião oposta, pois os machos não tem o hábito de trabalhar para as suas famílias, e não obstante, é o que fazem as abelhas”. No entanto, Aristóteles prudentemente afirma que os fatos sobre o sexo das abelhas “ainda não foram suficientemente estabelecidos. Se um dia o forem, o crédito deverá ser dado à observação mais do que às teorias – e às teorias apenas na medida em que tiverem sido confirmadas pelos fatos observados” (Da geração dos animais). [1]
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