Paul Tannery define ciência helênica como a que se refere ao helenismo clássico que se estende por três séculos do início do século VI a.c. ao fim do século IV a.c. com a morte de Alexandre.[1] Para René Taton: “na medida em que é explicativa e ontológica (ontos – ser, logos – estudo, ramos da metafísica que busca o significado da existência e da realidade) a ciência é uma criação do gênio grego”.[2] A ciência grega não se distingue da filosofa, Segundo G. Kirk: “esses primeiros physikoi, físicos ou estudiosos da natureza das coisas, tinham os objetivos amplos e a imaginação desinibida que marcaram muitos dos grandes artistas e pensadores da história. Embora tenham dado seu nome a um ramo importante da ciência moderna – física, o estudo da natureza e comportamento da matéria – dificilmente os consideraríamos cientistas, no sentido que damos à palavra. Faltavam-lhes a atenção metódica do detalhe, e a constante relação entre a teoria e os fatos observados, que possibilitaram o desenvolvimento espetacular da ciência, a partir do Renascimento”.[3] Indro Montanelli mostra que entre os gregos a geometria não era usada para solução de problemas práticos, mas como pretexto para especulações abstratas[4]. Arnold Toynbee destaca que “a tendência da ciência helênica era especulativa e não experimental, de princípio e a fim”. [5] William Bernard mostra que Platão declara na República que não há qualquer esperança de se oferecer uma descrição científica do mundo material e que devemos desistir da física para seguir a matemática, pois o mundo material contingente não constitui matéria para a ciência.[6] Hooykaas observa que Platão teria desgostado da origem da palavra geometria que remete a ge, terra, e metron- medida.[7] No capítulo VII da República de Platão ele afirma: “Talvez, afinal, sejas tu quem pensa bem e eu tolamente; mas não posso reconhecer outra ciência que faça olhar para o alto, exceto a que tem por objeto o ser e o invisível; e, se alguém tenta estudar uma coisa sensível olhando para cima, de boca aberta, ou para baixo, de boca fechada, afirmo que nunca aprenderá - porque a ciência não comporta nada de sensível”.[8]
[1] TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 9
[2] TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 10
[3] JONES, Lloyd Jones. O mundo grego, Rio de Janeiro: Zahar, 1965, p. 111
[4] MONTANELLI, Indro.
História dos gregos, São Paulo:Ibrasa,1962, p. 187
[5] TOYNBEE, Arnold.
Helenismo: história de uma civilização, Rio de Janeiro: Zahar, 1963, p. 58
[6] WILLIAMS, Bernard. Filosofia, In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia,
Brasília: UNB, 1998, p. 257
[7] HOOYKAAS, R. A religião
e o desenvolvimento da ciência moderna, Brasília:UNB, 1988, p.106
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