sábado, 24 de julho de 2021

Produção de ferro no Brasil colonial

 

Em 1795 a proibição à indústria na colônia é atenuada ao se permitir a instalação de forjas para fabricação do ferro necessário para produzir as ferramentas para a extração do ouro, contudo, somente após o período colonial que a siderurgia irá se desenvolver.[1] Júlio Katinski se refere a técnicas e utensílios trazidos pelos próprios escravos[2]. Em 1769 D. José I autoriza o governador de Minas Gerais, o Conde de Valadares licença para abrir uma fábrica de ferro[3]. Manoel Albuquerque, contudo, aponta que o fabrico de instrumentos de ferro foi proibido em 1766 sendo retomado apenas em 1795.[4] Rodrigo Jose de Menezes que governou Minas de 1780 a 1783 propõe a criação de uma fábrica de ferro[5]. Pandiá Calógeras aponta a necessidade de se ferrar os animais e usar carros de boi com rodas de ferro diante das características de terreno encontradas de elevado nível de chuvas.[6] Pedro Tacques em História da Capitania de São Vicente se refere ao funcionamento de uma fábrica em 1776 para extração de ferro na Serra a Araçoaiaba / Biraçoiaba[7] no entanto segundo depoimento de Domingos Ferreira Pereira de fato, não foi estabelecida uma fábrica; quando muito, um ou dois pequenos fornos que pouco ou nada produziram, pois as experiências se limitaram às amostras enviadas a Portugal.[8] Em 1780 o governador Rodrigo José de Menezes de Vila Rica encaminhou à metrópole um pedido para o estabelecimento de uma fábrica de ferro mas teve seu pedido negado. Com a vinda da família real o Ministro Sousa Coutinho irá incentivar a vinda de técnicos estrangeiros como Eschwege que viria a fundar a Fábrica Patriótica em Congonhas do Campo[9] em 1812 e ao alemão Varnhagen com a Real Fábrica de São João do Ipanema em 1821 visando a implantação da siderurgia no Brasil.[10]



[1] TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX, Rio de Janeiro:Clube de Engenharia, 1994, p.18, 70

[2] KATINSKY, Julio Roberto. Notas sobre a mineração no Brasil colonial. In: VARGAS, Milton. História da técnica e da tecnologia no Brasil, São Paulo: Unesp, 1994, p.102

[3] FILGUEIRAS, Carlos. Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.87

[4] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 114

[5] NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do antigo regime colonial (1777-1808), São Paulo:Hucitec, 1989, p.281

[6] CALÓGERAS, Pandiá. Formação Histórica do Brasil, São Paulo: Cia Editora Nacional, 1938, p 58

[7] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 131

[8]FRANÇA, Eduardo d'Oliveira. As minas de ferro em Biraçoiaba (São Paulo. Séculos XVI-XVII-XVIII). In: SIMPÓSIO DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE HISTÓRIA, 3., 1965, Franca. Anais do III Simpósio dos Professores Universitários de História. São Paulo: FFCL-USP, 1967, p. 247-248. Intervenção do simposista. https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2018-12/1543951552_355614b54770ed4382f2f5cf33980b28.pdf

[9] COSTA, Domingos. Fábrica Patriótica a história da mineração e siderurgia do Brasil  https://www.youtube.com/watch?v=oUTFuXpuZoE

[10] BARBOSA, Francisco de Assis. Dom João VI e a siderurgia no Brasil, Brasília:Batel, 2010, p.42



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