Segundo Platão a dialética é o instrumento que
possibilita ao filósofo passar das cópias imperfeitas que é o mundo real para
os modelos perfeitos do mundo das ideias, abandonando as imagens pelas
essências.[1] A
dialética tem como ponto de partida a contradição para se buscar, através de
raciocínios indutivos, a conciliação. Podemos por exemplo definir um bom
político por aquele político que possui carisma. Ao que se poderia contrapor
políticos ruins carismáticos. Diante deste contra argumento redefinimos nosso
conceito de bom político para o política carismático que se preocupe com seus
concidadãos. Ao que poderíamos contrapor políticos que mesmo bem intencionados
tiveram uma gestão desastrosa. Nova redefinição do conceito nos leva a definir
como política carismático que se preocupe com seus concidadãos e que tenha
alcançado resultados positivos. A dialética, portanto, nos leva a uma definição
mais exata do conceito que tentamos definir.[2] Na
República Platão explica que “a natureza dialética, ou seja, a capacidade de
ciência verdadeira, está na visão de conjunto. E esta é, por excelência, a
pedra de toque da natureza dialética e da que não o é. Quem sabe ter visão de
conjunto é dialético; quem não o sabe, não o é”.[3] Enquanto
a matemática penetra na essência inteligível das coisas somente com a dialética
seremos capazes de demonstrar as hipóteses formuladas pela matemática, onde
tudo ficará esclarecido, saberemos não apenas como as coisas são mas o porque
das coisas serem de tal modo, dentro de uma perspectiva teleológica. Para Marco
Zingano: “Com a dialética, não há restos,
tudo fica esclarecido, inclusive o princípio mesmo de onde se parte”.[4]. Segundo
Jostein Gaarder; “Para Platão o grau
máximo da realidade está em pensarmos com a razão. Para Aristóteles, ao
contrário, era evidente que o grau máximo de realidade está em percebermos ou
sentirmos com os sentidos. Platão considera tudo o que vemos ao nosso redor na
natureza meros reflexos de algo que existe no mundo das ideias e por,
conseguinte na alma humana. Aristóteles achava exatamente o contrário, o que
existe na alma humana nada mais é do que o reflexo dos objetos da natureza.
Para Aristóteles, Platão foi prisioneiro de uma visão mítica do mundo, que
confundia as ideias dos homens com a realidade do mundo”.[5] Para
Marco Zingano: “o que marca a resposta de
Platão é seu caráter radical: não só chegamos à Ideia Suprema pelo trabalho
interno da razão consigo mesma, como o fazemos dando as costas à experiência e
ao mundo sensível. No sistema de Platão, essa radicalidade é inevitável porque
o que existe realmente, para ele, não são os objetos materiais, mas os objetos
ininteligíveis, que as coisas concretas imitam imperfeitamente ”.[6] A dialética é o instrumento que permite que, em um debate de dois contrários
manifestando opiniões opostas, se possa chegar à unidade de uma ideia.[7] Segundo Eliane
Colchete: “a dialética não é apenas uma
argumentação do bom senso, mas é a articulação das ideias entre si a um
princípio, permitindo a formulação de uma teoria, que em grego significa
contemplação e em sentido platônico é a contemplação das ideias”. [8] Para Garcia Morente: “E então nosso
conhecimento, nossa ciência, nossa episteme, em que consiste ? Consiste em
elevar-nos por meio da dialética, da discussão, das teses que se contrapõem e
se vao depurando na luta de umas contra as outras, para chegar desde o mundo sensível,
pela discussão, a uma intuição intelectual desse mundo supra sensível, composto
todo ele pelas unidades sintéticas que são as ideias e que ao mesmo tempo
constituem a unidade ontológica da significação”.[9] Em Metafísica (IV,3) Aristóteles
define que o fundamento de toda a filosofia é o de que existe uma verdade não
contraditória a ser alcançada: “é
impossível que uma mesma coisa convenha e não convenha ao mesmo tempo a uma mesma
coisa e sob a mesma relação”.[10]
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