quinta-feira, 8 de julho de 2021

Ataques de índios e corsários estrangeiros no período colonial

 

Lemos Brito observa que no Brasil colônia do século XVI as ameaças constantes de ataques de tribos indígenas constituem um fator adicional para o português não investir intensivamente na atividade agrícola: “o colono não sentia atrativos por uma iniciativa trabalhosa, relativamente pouco compensadora, demorada e a exigir um serviço permanente de defesa”.[1] São inúmeros os relatos de destruição de engenhos e lavouras por indígenas no século XVI, como no Maranhão ou na Paraíba do Sul segundo relato de Pero de Goes. Segundo Lemos Brito: “poder-se-iam multiplicar os exemplos desses assaltos dos silvícolas, determinando muitas vezes o malogro total das lavouras como em Ilheus e Paraíba do Sul e na generalidade dos casos levando aos colonos desânimo, desinteresse, a morte da iniciativa no domínio da agricultura”.[2] Havia também os ataques de piratas e corsários estrangeiros. Robert Withrington bombardeou e destruiu engenhos na Bahia em 1582, em 1591 Cavendish atacou Santos, São Vicente e Ilha Grande provocando saques e incêndios em diversos engenhos. Os holandeses atacaram inicialmente a Bahia cometendo pilhagens nas costas de Alagoas e Pernambuco como consta nos documentos da Companhia das Índias Ocidentais autorizada pelo governo holandês em 1621 com um privilégio de 24 anos para as colônias que fundasse e reunindo cerca de sete milhões florins em sua maioria de judeus[3]. Também os próprios portugueses na reconquista de Sergipe sob ordens do vice rei Montalvão incendiou canaviais e engenhos de açúcar holandeses. Segundo Felisbelo Freire sob o ataque aos holandeses em Sergipe: “a destruição encetada pelos conquistados é acabada pelos conquistadores , que entregam às chamas a pequena cidade (Itabaiana) devastam os canaviais e os sítios, incendeiam os engenhos e em vez de protegerem os infelizes abandonados enxotando-os de seus lares, para com a miséria e a dor, seguirem a reforçar o exército do fugitivo”. Durante toda a conquista de Pernambuco pelos holandeses e demais capitanias vizinhas, o período foi seguido por guerra, fuga, destruição e pilhagens.



[1] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.14

[2] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.24

[3] CALMON, Pedro. História da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 69




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