Lemos
Brito observa que no Brasil colônia do século XVI as ameaças constantes de
ataques de tribos indígenas constituem um fator adicional para o português não
investir intensivamente na atividade agrícola: “o colono não sentia
atrativos por uma iniciativa trabalhosa, relativamente pouco compensadora,
demorada e a exigir um serviço permanente de defesa”.[1] São inúmeros os relatos de destruição de engenhos e lavouras por indígenas no
século XVI, como no Maranhão ou na Paraíba do Sul segundo relato de Pero de
Goes. Segundo Lemos Brito: “poder-se-iam multiplicar os exemplos desses
assaltos dos silvícolas, determinando muitas vezes o malogro total das lavouras
como em Ilheus e Paraíba do Sul e na generalidade dos casos levando aos
colonos desânimo, desinteresse, a morte da iniciativa no domínio da agricultura”.[2] Havia também os ataques de piratas e corsários estrangeiros. Robert Withrington
bombardeou e destruiu engenhos na Bahia em 1582, em 1591 Cavendish atacou
Santos, São Vicente e Ilha Grande provocando saques e incêndios em diversos
engenhos. Os holandeses atacaram inicialmente a Bahia cometendo pilhagens nas
costas de Alagoas e Pernambuco como consta nos documentos da Companhia das
Índias Ocidentais autorizada pelo governo holandês em 1621 com um privilégio de
24 anos para as colônias que fundasse e reunindo cerca de sete milhões florins em
sua maioria de judeus[3].
Também os próprios portugueses na reconquista de Sergipe sob ordens do vice rei
Montalvão incendiou canaviais e engenhos de açúcar holandeses. Segundo
Felisbelo Freire sob o ataque aos holandeses em Sergipe: “a destruição
encetada pelos conquistados é acabada pelos conquistadores , que entregam às
chamas a pequena cidade (Itabaiana) devastam os canaviais e os sítios,
incendeiam os engenhos e em vez de protegerem os infelizes abandonados
enxotando-os de seus lares, para com a miséria e a dor, seguirem a reforçar o
exército do fugitivo”. Durante toda a conquista de Pernambuco pelos
holandeses e demais capitanias vizinhas, o período foi seguido por guerra, fuga,
destruição e pilhagens.
[1] BRITO, José Gabriel
Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v.
155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.14
[2] BRITO, José Gabriel
Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v.
155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.24
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