Os portugueses mantinham
relações com os governos locais africanos para o comércio de escravos. Um
embaixador de Benim foi a Portugal em 1484 sendo recebido com pompa segundo o
cronista Rui Pina “Era esse embaixador homem
de bom repouso e natural saber, foram-lhe feitas grandes festas e mostradas
muitas coisas boas deste reino”, muito embora o
império de Benim nunca tenha se transformado em grande exportador de escravos.[1] Jacob Gorender mostra que o Estado de Daomé na área do atual Benim (o grande
império de Benim da época colonial fica na atual Nigéria) surgiu por conta do
desenvolvimento do comércio negreiro no século XVII fundado no monopólio estatal.[2] A região litorânea em torno de Daomé era conhecida pelos europeus, o nome de
Costa dos Escravos. Foi do Porto de Uidá, o mais importante porto negreiro da
África Ocidental, que saiu mais de um milhão de escravos desde o século XVII. A
partir de aliança políticas e comerciais e militar com as autoridades nativas
africanas os portugueses trocavam manufaturados europeus ou tabaco e aguardente
vindos da América por cativos capturados em constantes guerras tribais[3].
Na medida em que a comércio intenso de escravos se desenvolve, intensifica-se
cada vez mais as guerras intestinas na África para dar conta da demanda por
novos escravos.[4] O escravismo doméstico
tradicional cede lugar para as formas mercantis de escravidão.[5] A conquista de Uidá, Ajudá ou Ouidah porto pelo reino escravagista e expansionista do Daomé,
em 1727, viria a confirmar sua posição inicial de principal porto do tráfico
negreiro na região, situação que manteve, até meados do século XIX.[6] A fortaleza de São João Batista de Ajudá
construída pelos portugueses hoje abriga o Museu de História da Ajudá. No Museu
Nacional do Rio de Janeiro havia um zinkpo (na figura), também chamado trono real de Daomé,
dado de presente por embaixadores do rei Adandozan ao príncipe D. João em 1810
o que mostra as boas relações dos dois reinos.[7] Um grande traficante de escravos em Daomé foi Francisco Felix de Souza, o
Chachá, nascido na Bahia, a figura central do tráfico transatlântico de escravo. [8] Pierre Verger em seu livro “Os escravos” relata o caso do traficante de escravos Joaquim d’Almeida em Daomé que
havia sido no passado escravo na Bahia quando então tinha o nome de Gbego
Sokpa. Outro traficante de escravos que também havia sido escravo é João de Oliveira
que fundou dois entrepostos na Costa dos Escravos em Porto Novo no Benim e
outro em Lagos. O negro brasileiro Antonio Vaz Coelho no século XVIII também se
tornou traficante de escravos em Porto Novo. José Francisco dos Santos, o Zé
Alfaiate era escravo na Bahia e tornou-se um dos últimos traficantes do porto de
Ajuda no Daomé.[9] A comunidade dos agudás
reunia os ex escravos que retornaram do Brasil.[10]
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