Perry Anderson ao
tratar da ascenção das guildas nos séculos XII a XIV no norte da Itália e em
Flandres destaca os ganhos de produtividade alcançados pelas guildas com o uso do
tear horizontal de pedal.[1] Frances Gies destaca que o tear horizontal permitiu que o tecelão trabalhasse
sentado. Segundo Alexandder Neckan (1157-1217) o tecelão de um tear horizontal
era “um cavaleiro em terra firme que se apoia em dois estribos”.[2] Ingvild Oye argumenta que o tear horizontal com pedal possibilitou que a tarefa
de tecelão passasse a ser executada predominantemente por homens ao invés das
mulheres.[3] Jan Dumolyn considera equivocada o conceito de que o artesão medieval percebia
o trabalho como um valor negativo e que viria a ser resgatado apenas com a
ascenção da ética protestante conforme destaca Max Weber. Outros valores
centrais para as guildas medievais era o de honra e reputação.[4] Para Mark Koyama as guildas tinham como objetivo beneficiar seus membros em
detrimento dos não membros[5].
Enquanto para os economistas clássicos como Adam Smith as guildas tinham um
efeito negativo no desenvolvimento da economia, historiadores como Werner
Sombart tinham uma perspectiva mais otimista. Epstein e Maaten Prak trazendo a
perspectiva das guildas inglesas e holandesas enfatizam seu papel positivo. Sheilagh
Ogilvie em The European Guilds (2019) reforça a tese que considera o papel
negativo das guildas. Para Ogilvie as guildas fomentavam a inovação apenas
quando isso beneficiava seus membros. Sua longevidade não está, portanto,
ligada a qualquer benefício à economia como um todo, pois seus custos eram
impostos à sociedade em geral ao passo que seus benefícios restritos a seus
membros. Nesse sentido as guildas mantiveram-se fortes nas partes da Europa
politicamente fragmentárias onde o Estado era fraco.
[1]ANDERSON, Perry.
Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 215
[2] GIES,
Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins,
1994, p. 120
[3] Ingvild Øye (2016) When did
weaving become a male profession?, Danish Journal of Archaeology, 5:1-2, 34-51,
DOI: 10.1080/21662282.2016.1245970
[4] Dumolyn, J. (2017). I Thought of it at Work, in Ostend: Urban Artisan
Labour and Guild Ideology in the Later Medieval Low Countries. International
Review of Social History, p.1-31
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