Segundo Serafim Leite[1]: “Os ofícios mecânicos entraram no Brasil com
os portugueses, primeiro nas vilas dos donatários, e logo, mais abundantes, ao
fundar-se o Estado do Brasil em 1549. Na armada que levou Tomé de Sousa e Manuel
da Nóbrega chegaram todos os elementos necessários à administração e defesa do
novo Estado e a construção de sua capital que se ia erguer ali, onde antes não
havia senão matas e algumas cabanas de palha. Com os jesuítas e os homens da
administração civil e militar, assinala-se a presença dum médico
(físico-cirurgião), dum arquiteto e dum mestre de obras, e contam-se numerosos
pedreiros, carpinteiros, serradores, tanoeiros, ferreiros, serralheiros,
caldeireiros, cavouqueiros, carvoeiros, caeiros (fabricantes de cal), oleiros,
carreiros (fabricantes de carros), pescadores, construtores de bergantins,
canoeiros, e até um barbeiro e um encadernador”. Serafim Leite destaca que o papel dos jesuítas se integrava em sua
missão evangelizadora e civilizadora: “Se os colonos e administradores portugueses governavam a terra e a
cultivavam como fonte de riqueza e elemento de soberania, os jesuítas da
Assistência de Portugal amavam a terra e os seres humanos que essa terra
alimentara no decorrer dos séculos. Os primeiros apoderaram-se do corpo; os
segundos, da alma. Do concurso de uns e outros, completando-se, nasceu o Brasil.
Enquanto os governadores, capitães, funcionários iam estabelecendo as bases do
Estado, o elemento religioso alicerçava o novo edifício com formas tão elevadas
e nobres, que dariam ao conjunto a solidez da eternidade”.[2]
[1] FERREIRA, Amarílio;
BITTAR, Marisa. Artes liberais e ofícios mecânicos nos colégios jesuíticos do
Brasil colonial. Revista Brasileira de Educação v. 17 n. 51 set.-dez. 2012,
p.693-751 http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v17n51/12.pdf
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