segunda-feira, 21 de junho de 2021

Estrada União e Indústria

 

O suíço Louis Agassiz deixou em 1865 elogiosa impressão sobre a estrada União e Indústria que liga Petrópolis a Juiz de Fora: “Essa estrada é célebre, tanto por sua beleza como pela sua perfeição [...] Se, como se pretende, o progresso só marcha no Brasil com extrema lentidão, deve-se reconhecer que os brasileiros levam à perfeição as coisas que empreendem”.[1] A obra foi iniciativa de Mariano Procópio Ferreira Lage foi solenemente inaugurada pelo imperador Pedro II em 1860 percorrendo-a a comitiva imperial em nove horas, uma consideração diminuição do tempo de percurso entre as duas cidades. Para seu empreendimento foram contratados os engenheiros franceses Vigoroux e Theodore Frajolot e o arquiteto Lagorbe. Os engenheiros franceses foram substituídos pelo major engenheiro José  Koeler e pelo engenheiro Antonio Maria de Oliveira Bulhões que completaram o projeto inicial. A mão de obra empregada foi a de colonos alemães de Petrópolis. O leito da estrada revestido de pedra britada comprimida e ensaibrada era uma invenção do engenheiro escocês Mac Adam, então em uso na Europa.E. Klumb em sua obra “Doze horas em diligências” descreve a construção da série de trez pontes que foram necessárias para conclusão do projeto: “o engenheiro Bulhões usou vários tipos de pontes, combinando-as com rara inteligência, o que junto ao encanto da variedade, reúne as vantagens desses trabalhos de artes especiais, um importante ponto de estudo para um jovem engenheiro”.[2] Segundo Philuvio de Cerqueira Rodrigues: “Com um traçado primoroso, aproveitando o terreno de modo  notável, uma construção sem exemplo naquela época, dotada de todos os requisitos para uma estrada que devida ser trafegada por veículos de tração animal, com obras de arte suntuosas e seguras, vencendo rios caudalosos e largos como o Paraíba, drenagem cuidadosa, muros de arrimo que serviram de exemplo a várias gerações, foi a rainha das estradas brasileiras, honra de nossa engenharia. Tinha seis metros de largura, possuía valetas laterais de alvenaria e o seu leito revestido de pedra britada, adotando certamente os princípios de Tresaguet, Macadam e Polanceau era comprimido e ensaiado. A sua rampa máxima não ia além de 5% e os seus raios de curva eram amplos, permitindo as diligências percorrê-las com velocidade média de 20 km por hora”.[3]

[1] TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX, Rio de Janeiro:Clube de Engenharia, 1994, p.218; HOLANDA, Sérgio Buarque. O Brasil monárquico: declínio e queda do império, t.II, v.4, São Paulo:Difusão, 1971, p.46

[2] TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil século XVI a XIX, Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 1994, p.211

[3] VIANNA, Helio. História do Brasil, segunda parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.167



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...