terça-feira, 29 de junho de 2021

A ironia em Platão e o mundo das ideias

 

Platão irá descartar que a intuição sensível não serve para descobrir o verdadeiro ser que pode ser revelado apenas pela intuição intelectual. O espetáculo dos sentidos é ilusório, errôneo, falso.[1] Parmênides e Platão excluem o movimento, o devir, da essência do Ser. [2] Para Platão os sentidos podem confundir nossa mente de modo que, por exemplo, enquanto a ideia de um círculo é perfeita a sua representação concreta em um desenho será sempre imperfeita pois a percepção da realidade é sempre distorcida pelos nossos sentidos.[3] Segundo Platão o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o conhecimento é um objeto da razão e não da sensação, o que viria a compor o fundamento da doutrina das ideias.[4] Para Bernard Williams entendiam a realidade a partir do mundo das ideias e não do mundo físico, o mundo das aparências : “para o pensamento grego a distinção entre aparência e realidade era tão fundamental e o conhecimento tão vinculado à realidade, que o conhecimento constituído meramente de aparências subjetivas talvez não contasse absolutamente como conhecimento autentico”.[5] Dal Maschio observa a ironia de que o desprezo de Platão pela aparências é apontada por Diógenes Laércio em sua pitoresca Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres que narra que o nome de batismo de Platão era Arístocles, sendo que o nome Platão teria sua origem de “platos” “amplo” (de platôs) devido à sua aparência corpulenta ou devido à sua testa grande.[6]

[1] MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia: lições preliminares. São Paulo:Mestre Jou, 1970, p.84

[2] CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 188

[3] ZINGANO, Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus Editora, 2002, p.10

[4] ZINGANO, Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus Editora, 2002, p.37

[5] WILLIAMS, Bernard. Filosofia. In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília: UNB, 1998, p. 269

[6] MASCHIO, E. Platão: a verdade está em outro lugar, São Paulo: Salvat, 2015, p.14



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