Eric Williams mostra que onde
não se desenvolveu a grande fazenda com suas culturas para a exportação como o
tabaco em Cuba, a mão de obra negra era rara.[1] A escravidão é, portanto, vista como um fenômeno econômico assumindo uma
centralidade na formação do capitalismo industrial na Inglaterra: “a razão [da escravidão]
foi econômica, não racial; não teve nada a ver com a cor da pele do trabalhador
[ou com uma suposta aptidão dos negros ao clima tropical], e sim, com o baixo
custo da mão de obra”. [2] Manolo Florentino (na figura) mostra como o tráfico de escravos enquanto a entrada de
negros pelo porto do Rio de Janeiro aumentava de cerca de 10 mil escravos
anuais em 1808 para cerca de 40 mil em 1828 mantinha baixas taxas de natalidade,
de modo que a maior parte dos escravos eram homens adultos. A historiografia dos
anos 1960 identificou nestas baixas taxas de reprodução natural uma mostra da
violência da escravidão, em contraposição à visão de certa leniência e brandura
que se difundiu especialmente após os trabalhos de Gilberto Freyre na década de
1930. Manolo Florentino, em alinhamento com as teses de Eric Williams mostra
que logo que o tráfico de escravos vindo da África se encerrou na década de
1850 o que se observa é que a taxa de reprodução natural aumenta
significativamente, o que denota que a razão desta taxa se manter baixa até
então tinha causas fundamentalmente econômicas e não como resultado de um
regime mais violento. Enquanto havia a disponibilidade de aquisição de novos
escravos a baixo custo, o senhor de engenho importava mais escravos homens
adultos, o que levava a uma desproporção de homens e mulheres entre os
escravos, e por esta razão, uma menor taxa de reprodução natural. Jacob Gorender
em O escravismo
colonial já atentara
para o fato de que a tendência ao decréscimo absoluto da população escrava,
resultado da baixa taxa de reprodução natural, era o resultado esperado de uma
lógica empresarial baseada na maximização do lucro. Foi somente com o fim do
tráfico de escravos africanos e o consequente aumento do preço dos cativos é
que os senhores de engenho não tiveram outra opção senão cuidar para prolongar a
vida útil de seus escravos. Não e trata de uma visão mais humanitária, mas mero
reflexo das condições econômicas.[3]
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