Em
1816 a fábrica de vidro inicialmente instalada na Cidade Baixa e posteriormente
transferida para o cais do Bonfim forneceu 80 mil luminárias para o aniversário
de D. João VI. A fábrica funcionava com mão de obra escrava treinada pelos
artífices ingleses.[1] Gilberto Freyre mostra que para promover a venda de vidro inglês no Brasil do
século XIX um decreto de D. João ordenou a destruição de gelosias (também
conhecida com rótula, uma espécie de grade de ripas de madeira, de malha pouco
aberta, que guarnecia algumas janelas e portas a fim de impedir que a luz e o
calor excessivos penetrem no interior da casa, e que este seja devassado da rua,
ou seja, que permite ver sem ser visto) sob a alegação que se prestavam ao
esconderijo de assassinos.[2] Roberto Pompeu destaca que as gelosias eram a marca registrada da cidade de São
Paulo do século XIX. O termo gelosia
remete a ciúme, e está relacionado ao hábito de esconder as jovens moças
e esposas dentro de casa por ciúmes. Em meados do século XIX desencadeou-se uma
campanha contra as gelosias. O periódico O Constitucional se queixa: “Cômodas
em que sentido ? Para ocultarem-se [as famílias] de que ? Somos nós um povo de
cucas [mulher feia] ? Demais vai aí grave a questão de moralidade: é bom
refletir sobre o estímulo de tudo o que se esconde”. Visconde de Taunay em 1865
ao visitar a cidade ainda constata o predomínio das gelosias. [3]
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