Manolo Florentino mostra que o
tráfico de escravos africanos operava com alta rentabilidade, compondo um
negócio de envergadura significativa mesmo em relação à exportação do açúcar.[1] Os traficantes compunham a elite empresarial da colônia: “tratava-se do mais
importante setor de acumulação endógeno à colônia”.[2] Entre alguns membros dessa elite na colônia podemos destacar João Gomes Barrozo,
Joaquim Antonio Ferreira, Francisco José da Rocha, Joaquim Pereira de Almeida,
Amaro Velho da Silva, Fernando Carneiro Leão, Elias Antonio Lopes, José
Francisco do Amaral, Francisco José Guimarães[3].
Manolo Florentino explica que o fato do lucro do tráfico de escravos africanos poder
ser contabilizado pela metrópole foi um fator decisivo para a adoção da
escravidão dos negros africanos ao invés de persistir na escravização indígena
que, ademais, enfrentava a oposição jesuítica. Esta análise retoma as
conclusões de Fernando Novais para o qual o sistema mercantilista de colonização
ao optar pela escravização dos negros africanos buscou um sistema de relações
que tendia a promover a acumulação primitiva na metrópole: “paradoxalmente, é a
partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial,
e não o contrário”. O lucrativo
tráfico atlântico determinaria assim a escravidão africana no Brasil. Manolo Florentino destaca que a ideia de que todo este lucro do tráfico iria para a
metrópole, quando na verdade uma boa parte era carreada para a elite africana, muitas
vezes é omitido por um discurso histórico que tinha como objetivo ajudar na
luta anticolonial transferindo toda a culpa para as potências imperialistas[4].
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