Na
idade média alguns ofícios como ourives, o ferreiro, o forjador de espadas[1] preservavam uma imagem mágica, de feiticeiros[2].
Na herança “bárbara” germânica ferreiros e ourives são ofícios de prestígio
dotados de atributos mágicos.[3] Os ferreiros da Germânia mesmo antes do século VIII já eram capazes de fabricar
espadas reluzentes que Cassiodoro conselheiro do rei ostrogodo Teodorico no
século VI relata que era usada nos combates contra os romanos. [4] Robert Fossier observa que os avanços na metalurgia e no domínio da tecnologia
do ferro levou a uma melhor qualidade nos armamentos dos povos bárbaros sendo
uma das causas da queda do Império romano.[5] O domínio desta técnica se reflete na mitologia nórdica expressa em várias
obras medievais, das quais sobressai o Nibelungenlied (Canção dos Nibelungos)[6].
O domínio de metalurgia dos povos bárbaros medievais se manifesta, por exemplo,
nas coroas dos reis visigóticos, no frontal de cobre de Agilulfo/Agilolfo do
século VII ou nos sarcófagos merovíngios de Jouarre.[7] Estruturas de rolamentos datadas do ano 100 a.c. foram encontradas na Dinamarca
feitas em madeira e bronze.[8] Frances Gies aponta a técnica dos povos germânicos do século II capazes de
construir armaduras de metal reforçadas por soldagem em camadas resultando em
chapas excepcionalmente duras e resistentes ainda que o resultado da operação
fosse bastante incerto e por esta razão tais trabalhos considerados raridades.[9] Um escudo em bronze encontrado nas margens do rio Tâmisa na Inglaterra datado
do primeiro século a.c. mostra uma técnica apurada. Lynn White sustenta que não
houve qualquer ruptura nas técnicas quando das invasões bárbaras, no entanto,
Frances Gies mostra que algumas técnicas se perderam, como por exemplo a roda
de oleiro que desapareceu da Inglaterra retornando na Europa continental apenas
no século IX. As atividades nas minas romanas serão retomadas somente nos anos
centrais do período medieval quando novas minas são abertas no século VIII na
Europa Oriental. Da mesma orma a metalurgia tambáme sofreu declínio após as
invasões bárbaras.[10] Jacques le Goff entende que o saldo das invasões bárbaras é de declíneo na
técnica: “mas o retrocesso das técnicas,
dos meios econômicos, do gosto, é perceptível por toda a parte. Tudo se
apequena. Os edifícios são na sua maioria das vezes construídos em madeira; os
que o são em pedra, com frequência extraída de monumentos antigos em ruínas,
são de pequenas dimensões. O essencial do esforço estético refere-se á
decoração que dissimula á indigência das técnicas de construção. A arte de
talhar as pedras, os altos relevos e a representação da figura humana
desaparecem quase totalmente”.[11]
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