terça-feira, 6 de abril de 2021

Catedral de Saint Denis

De 1140 com a reforma do abade Suger na catedral de Saint-Denis a 1240 há um vertiginoso desenvolvimento das técnicas de construção de catedrais francesas,[1] com os vitrais e do arco gótico, pontiagudo e elevado, em oposição aos arcos semicirculares de origem romana. Suger estava convencido de que todo o luxo do mundo deveria ser usado para realçar a pompa das liturgias.[2] Para Georges Duby: “Suger era monge mas punha o monaquismo a serviço daquilo que se encontrava então em plena adolescência, o Estado, o Estado monárquico”.[3] Suger tomou como guia a Teologia Mística de Dionísio Aeropagita cujas relíquias eram conservadas no mosteiro de Saint Denis. Segundo Dionísio o divino era o foco de onde irradia todo o fervor religioso de modo que os vitrais deveriam remeter a essa resplandescência por meio da luz [4]. As catedrais góticas apresentam como inovações o arcobotante, as abóbodas com nervuras e os arcos ogivais. O uso da abóboda na nave maior das igrejas exige o uso do contraforte já utilizado pelos arquitetos carolíngios [5].Um dos segredos da arquitetura gótica foi o uso de pequenas pedras muito bem cortadas mais fáceis de transportar e colocar [6]. Na catedral de Laon em 1145 constrói-se uma fachada na forma de rosácea, enquadrada por duas torres e sobreposta a três pórticos.[7] As abóbodas são adotadas a partir do século X. [8] Jacques le Goff observa que nas catedrais lugar do culto, os cônegos cantam o “ofício” em horas pré determinadas, uma palavra que no latim significa “trabalho”, “ocupação”. Segundo Alain Erlande: “visível à distância, emblema da cidade, a catedral é, na realidade, o coração de um vasto conjunto de múltiplas funções: centro religioso, intelectual, econômico, caritativo, artístico, uma cidade sagrada e simbólica dentro da cidade. Lugar dos principais centros e nós de organização do espaço urbano e do urbanismo (com sua praça) ela é também um centro do poder”.[9]




[1] Scientific American, A ciência na idade Média, Ed. Duetto, Portugal,

[2] DUBY, Georges. História artística da Europa: Idade Média, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997, p. 58

[3] DUBY, George. A Europa na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1988, p.48

[4] DUBY, Georges. História artística da Europa: Idade Média, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997, p. 84

[5] PERROY, Edouard. A idade média: o período da Europa feudal (sec. XI –XIII), tomo III, v. 2, São Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 58

[6] CARVALHO, Benjamin de Araújo. A história da arquitetura, Rio de Janeiro:Edições de Ouro, p.208

[7] PERROY, Edouard. A idade média: o período da Europa feudal (sec. XI - XIII), tomo III, v. 2, São Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 167

[8] GOFF, Jacques. A idade média explicada aos meus filhos, Rio de Janeiro:Agir, 2007, p. 45

[9] ERLANDE BRANDENBURG, Alain. Catedral In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. v.I, São Paulo:Unesp, 2017, p. 208


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