terça-feira, 27 de abril de 2021

Artesãos no período colonial

 

Em Recife no período colonial os artífices se organizavam em locais como a rua dos Ferreiros, a rua dos Calafates, a rua dos Carvoeiros, a rua dos Tanoeiros, a rua dos Barbeiros, dos Ourives e dos Caldeireiros. Russell Wood destaca que cada porto na colônia contava com uma rua dos Toneleiros, rua dos Sapateiros ou rua dos Funileiros. No século XIX entre alfaiates, sapateiros, tanoeiros, ferreiros, vendeiros e barbeiros encontra-se um grande número de pretos, pardos e mulatos forros, incluindo escravos, conforme nos dá testemunho Debret, Rugendas e Henry Koster. Henry Koster que esteve em Pernambuco no século XIX observa que os melhores mecânicos eram mulatos[1]. João Monlevade relata entre os escravos que trabalhavam na usina de Morro Velho haviam ótimos pedreiros, carpinteiros, telheiros, carreiros, arrieiros.[2] Martius em seu livro Travels se refere aos mulatos como os mais hábeis entre os nacionais. [3] Gilberto Freyre destaca os elementos de originalidade no trabalho de mulatos marceneiros: “os móveis talhados em madeiras da terra por mãos de mulatos que se deliciavam em arredondar pernas de mesas e de cadeiras e em amolecer a técnica europeia do móvel patriarcal e de convento, dando-lhe formas aprendidas com artistas portugueses impregnados de influências do extremo Oriente e da própria África”.[4] Caio Prado Júnior observa a extensa referência aos ofícios mecânicos nas cidades e vilas da Colônia tal como reportado nos Almanaques do Rio de Janeiro de 1792 e 1794. O Almanaque da cidade do Rio de Janeiro de 1790 menciona a existência de sete lojas de entalhadores e de 35 marceneiros. O Almanaque histórico do Rio de Janeiro de Antonio Duarte Nunes menciona doze lojas de entalhadores e 64 marceneiros.[5]



[1] FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos, São Paulo:Record, 1998, p. 375

[2] BARBOSA, Francisco de Assis. Dom João VI e a siderurgia no Brasil, Brasília:Batel, 2010, p.82

[3] JÚNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo:Brasiliense, 1986, p.221

[4] FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos, São Paulo:Record, 1998, p. 393

[5] LIMA, Heitor Ferreira. Formação industrial do Brasil, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p. 230



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