segunda-feira, 19 de abril de 2021

A mão de obra do Arsenal da Marinha

 

O conde da Cunha em 1763 deu início as atividades do Arsenal de Marinha com a construção de uma nau de guerra, porém, somente em 1765 foi dada a aprovação formal para o estabelecimento de um estaleiro visando a construção de embarcações de grande porte na cidade do Rio de Janeiro.[1] O Arsenal de Guerra da Marinha reunia oficinas com ferreiros, funileiros, serralheiros, tanoeiros, carpinteiros, torneiros, serralheiros, tanoeiros, cordoeiros, entre outros. Um manuscrito de 1776 revela que a “Casa do Trem” foi precursora do Arsenal. Entre estes artífices, alguns solicitavam patentes de suas invenções como Manuel Marques mestre da oficina de ferreiros e serralheiros do Arsenal Imperial da Marinha que e 1827 inventou um novo tipo de fechadura.[2] O Museu Histórico Nacional guarda uma medalha comemorativa da primeira fundição de artilharia de 1820, com a fundições dos primeiros canhões, época em que o Arsenal estava em processo de ampliação de suas instalações. Máquinas motrizes a vapor foram instaladas em 1847. Em 1850 o Arsenal de Guerra fez uma encomenda de seis canhões e peças de ferro fundido para ao estaleiro de Ponta de Areia, no entanto, trata-se de um caso pontual, esta demanda ainda era insuficiente para fomentar o surgimento de novas indústrias.[3] Em 1828 o presidente do Arsenal Visconde de Camamu se queixa que ao contratar homens livres para ocupação de serventes em geral, a maioria acaba fugindo do serviço, de modo que só resta contratar escravos para tais funções.[4] Diante da falta de mâo de obra especializada Celso Sukow em sua história da educação faz referência ao recrutamento “manu militari” feito por meio de patrulhas do Arsenal feitas à noite em busca  de todo aquele que fosse encontrado nas ruas após o toque de recolher ou mesmo solicitando-se o encaminhamento de alguns presos junto ao chefe de polícia.[5]



[1] http://mapa.an.gov.br/index.php/dicionario-periodo-colonial/134-arsenal-real-da-marinha

[2] MALAVOTA,Leandro Miranda. A construção do sistema de patentes no Brasil: um olhar histórico, Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2011, p. 93

[3] CASTRO, Adler Homero Fonseca. O Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, Anais do Museu Histórico Nacional, v.28, 1996, p. 163-183

[4] REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, São Paulo: Cia das Letras, 2012, p. 42

[5] CIAVATTA, Maria; SILVEIRA, Zuleide. Celso Sukow da Fonseca. Recife: Massangana, 2010, p. 70



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