Para Georges Duby “è a razão que concebe a catedral, que faz
coordenarem-se em conjunto séries de elementos discretos. Essa lógica torna-se
cada vez mais rigorosa e o edifício cada vez mais abstrato [...] O gótico
surgia, vindo com toda a sua força de Paris, onde se ajustava à doutrina
católica. A igreja monolítica do papa Inocêncio III encontrara no gótico um dos
veículos mais eficazes de sua ideologia unificadora e como que o próprio
símbolo da catolicidade”.[1] Panofski
sugeriu que a catedral gótica era um reflexo dos tratados escolásticos
organizados em um sistema de partes homólogas. Panosky deixa claro que estilo e
evolução estilística resultam do manejo das formas numa relação causal com a escolástica[2]. Panofsky
observa que a arquitetura gótica é contemporânea do ápice da escolástica e
representam a “vitória do aristotelismo”,
o triunfo da razão, apesar dos percalços de 1215 com a controvérsia na
Universidade de Paris, mas que ao final foi resolvida em favor de Tomás de
Aquino. Em 1231 o papa Gregório IX concedeu novamente o consentimento de ensino
para a Metafísica de Aristóteles que havia sido proibida em 1210 junto com
outras obras aristotélicas.[3] Van Bath
da mesma forma entende o surgimento do gótico como relacionado a vitalidade
urbana e revolução agrícola do século XII na alta idade média: “no século
XII assiste-se na Europa ocidental e meridional, a um período de exuberante
desenvolvimento. Nos anos que vão de 1150 a 1300 atingiu-se, quer no plano
cultural quer no plano material, um ponto alto que não viria a ser igualado
senão muitos anos mais tarde. Este avanço verificou-se não apenas na teologia,
filosofia, arquitetura, escultura, vidraria e literatura, mas também nas
condições materiais de vida”.[4]
[1] DUBY, George. A Europa na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1988, p.66,
97
[2] YATES, Frances. A arte
da memória. São Paulo:Unicamp, 2007, p.105; GOMES, Vinícius Sabino. A origem do
gótico nas ideias de Erwin Panofsky. Medellín – Colombia, v. 20, n. 45, p.
359-388, julio-diciembre 2012 http://www.scielo.org.co/pdf/esupb/v20n45/v20n45a06.pdf
[3] PANOFSKY, Erwin.
Arquitetura gótica e escolástica. São Paulo:Martins Fontes, 2001, p.5
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